Cronologia
1933-1938
1933
30 de janeiro

Nomeação de Hitler como chanceler pelo presidente da Alemanha, Paul von Hindenburg. No início, apenas três dos 11 ministros do governo de Hitler eram membros do Partido Nazi, mas, no espaço de ano e meio, Hitler assumiria o controlo total das funções do Estado.

27 de fevereiro

Incêndio no edifício do parlamento alemão (Reichstag). Utilizado como pretexto para afirmar que uma conspiração comunista ameaçava o governo alemão, leva à assinatura, no dia seguinte, de um “decreto de emergência” (“Decreto do presidente do Reich para a proteção do povo e do Estado”) que suspende os direitos cívicos, levando a uma vaga de terror e de prisões em todo o território alemão.

5 de março

Eleições para o Reichstag. O Partido Nacional-Socialista obtém 44% dos votos. Apesar da propaganda e do clima de terror, Hitler ainda precisa de coligação para formar governo. Últimas eleições realizadas na Alemanha até ao fim da Guerra, em 1945.

11 de março

Membros das SA atacam estabelecimentos comerciais propriedade de judeus, desencadeando uma primeira vaga de violência antissemita na Alemanha.

22 de março

Abertura do primeiro campo de concentração, Dachau, destinado a opositores políticos e dissidentes do regime. Mais tarde, acolheu também membros dos outros grupos perseguidos: judeus, sinti e roma, homossexuais, entre outros.

24 de março

Lei de Concessão de Plenos Poderes (Ermächtigungsgesetz). A aprovação desta lei pelo Reichstag, por via legal, permite a Hitler promulgar quaisquer leis sem consentimento parlamentar, abrindo as portas à instauração de um regime totalitário.

1 de abril

Boicote a todos os estabelecimentos de judeus. . Durante este dia, as autoridades nazis proíbem qualquer entrada em locais de comércio de judeus em toda a Alemanha. Início das medidas discriminatórias a judeus e à sua presença na sociedade.

7 de abril

Reforma do funcionalismo público. O governo nazi aprova a “Lei Para a Restauração do Funcionalismo Público” (Gesetz zur Wiederherstellung des Berufsbeamtentums), que exclui do funcionalismo público judeus e opositores políticos e proíbe a presença em tribunal de advogados não “arianos”. Nas semanas seguintes, são aprovadas outras leis discriminatórias análogas.

25 de abril

Sistemas de quotas no ensino. Uma nova lei define um número máximo de estudantes judeus autorizados a frequentar o ensino secundário e superior na Alemanha. A partir de 1938, a presença de judeus será proibirem estabelecimentos de ensino alemães; no outono de 1941, todas as escolas judaicas serão fechadas.

26 de abril

Estabelecimento da Gestapo (Polícia Secreta do Estado), sob controlo nazi.

10 de maio

“Auto de fé dos livros”. Em 34 cidades universitárias alemãs, grupos de estudantes organizam queimas de livros, atirando às chamas obras de autores considerados subversivos e/ou “não alemães” (undeutsch), como Karl Marx, Karl Kautsky, Sigmund Freud, Heinrich Mann, Erich Maria Remarque, Kurt Tucholsky, entre muitos outros.

14 de julho

Aprovação de lei que permite retirar a naturalidade alemã a quem for visto como “indesejável”. Entre os visados, estavam explicitamente mencionados os Ostjuden, judeus que haviam imigrado dos países da Europa de Leste e que ficariam, deste modo, apátridas.

14 de julho

O Partido Nazi torna-se o único permitido legalmente na Alemanha. Todos os outros partidos são banidos e é proibida a formação de qualquer novo partido.

Aprovação da “Lei da Esterilização”, que visa a esterilização forçada de alemães com deficiências hereditárias, bem como doenças físicas e mentais vistas como obstáculo à visão eugénica de um povo alemão “puro” e “ariano”.

setembro a novembro

Interdita a participação de judeus em atividades culturais, como atuar em teatros, óperas e outros espaços.

19 de outubro

A Alemanha retira-se formalmente da Sociedade das Nações, recusando qualquer controlo internacional sobre o rearmamento da Alemanha. 

12 de novembro

O Partido Nazi obtém 92% dos votos, em eleições de partido único. Os boletins restantes foram considerados inválidos.

1934
26 de janeiro

A Alemanha e a Polónia assinam um pacto de não agressão, com compromisso de negociações bilaterais, sem qualquer conflito armado, por um período de dez anos.

30 de junho

“Noite das Facas Longas”. Purga no Partido Nacional-Socialista – Hitler ordena a execução de centenas de membros das SA, incluindo o seu líder, Ernst Röhm.

2 de agosto

Hitler declara-se Führer da Alemanha. Com a morte do presidente Paul von Hindenburg, acumula os poderes que tinha como chanceler com os da presidência, assumindo, também formalmente, o papel de ditador.

6 de setembro

A Gestapo compila as “Listas Rosa” (Rose Listen). No seguimento de outras medidas contra homossexuais, algumas pré-nazis, a Gestapo passa a compilar listas de homens suspeitos de práticas homossexuais, para posterior perseguição.

1 de outubro

Hitler ordena a expansão do exército e da marinha, bem como a criação de uma força aérea, o que constitui uma violação do Tratado de Versalhes.

17 de outubro

As Testemunhas de Jeová declaram neutralidade política, através de cartas enviadas ao governo nacional-socialista, afirmando também que continuarão a sua prática religiosa – incompatível com algumas práticas/restrições nazis.

1935
13 de janeiro

A Alemanha volta a controlar a região do Sarre (Saarland). Controlada pela Sociedade das Nações por um período de 15 anos, é a primeira expansão territorial nazi. Mais de 90% da população do Sarre votou, em plebiscito, a favor do regresso à Alemanha.

16 de março

Aumento do contingente militar na Alemanha, em mais uma violação do Tratado de Versalhes.

1 de abril

As Testemunhas de Jeová são banidas. Uma vez que são pacifistas e se recusam a integrar o serviço militar obrigatório, tornam-se alvo de perseguição e são presas e/ou enviadas para campos de concentração.

21 de maio

Os judeus deixam de poder integrar as forças armadas alemãs.

1 de setembro

Criminalização da homossexualidade. Numa alteração ao Código Penal, que já proibia a homossexualidade masculina, as penas a cumprir passam a ser maiores. 

15 de setembro

Aprovação das Leis de Nuremberga: a Lei para a Proteção do Sangue Alemão e da Honra Alemã (Gesetz zum Schutze des deutschen Blutes und der deutschen Ehre) e a Lei de Cidadania do Reich (Reichsbürgergesetz). Entre outras imposições, os judeus perdem o direito à cidadania alemã e deixam de poder casar com pessoas “alemãs não judias”, consumando a exclusão da sociedade alemã.

14 de novembro

As Leis de Nuremberga são reformuladas para abranger outras etnias e grupos raciais, como pessoas negras e roma. É proibido o casamento entre pessoas que pudessem gerar descendência “racialmente suspeita”.

1936
7 de março

Tomada da Renânia, em nova violação do Tratado de Versalhes. Apesar da agressão territorial, não são tomadas medidas contra a Alemanha.

12 de julho

Abertura do campo de concentração de Sachsenhausen, perto de Berlim.

1 de agosto

Berlim acolhe os Jogos Olímpicos. Empenho da propaganda nazi em mostrar à comunidade internacional um retrato positivo da Alemanha. Para este fim, as medidas antissemitas foram atenuadas neste período.

9 de setembro

É revelado o Plano Quadrienal (Vierjahresplan), coordenado por Hermann Göring. Entre as reformas económicas, inclui-se um enorme reforço nas despesas militares. Nos anos seguintes, milhões de deportados executarão trabalho forçado a fim de cumprir o plano.

1 de novembro

Criação do Eixo Roma-Berlim, uma semana após a assinatura de um tratado de amizade entre Hitler e Estaline. 

25 de novembro

Pacto militar entre a Alemanha e o Japão, contra a Internacional Comunista, ou Pacto Anticomintern, visando a capacidade do “Eixo” de enfrentar uma potencial ameaça soviética.

1937
14 de março

O papa Pio XI condena o nazismo e a sua ideologia racista, na Carta Encíclica redigida (excecionalmente) em alemão “Mit brennender Sorge” [“Com profunda preocupação”].

15 de julho

Abertura do campo de concentração de Buchenwald, a cerca de oito quilómetros de Weimar, inicialmente para prisioneiros políticos do sexo masculino. Após a “Noite de Cristal”, em 1938, foram enviados par Buchenwald cerca de 10 mil judeus.

6 de novembro

A Itália junta-se ao Pacto Anticomintern, conta a Internacional Comunista.

1938
13 de março

Anexação (Anschluss) da Áustria pela Alemanha Nazi, despoletando de imediato inúmeros episódios de violência contra os judeus austríacos.

4 de abril

Homens homossexuais enviados para campos de concentração, após diretiva emitida pela Gestapo. Estima-se que, entre 1933 e 1945, cem mil homens terão sido objeto desta medida. O número de mortes é desconhecido, mas estima-se que, entre fome, tortura, trabalhos forçados e homicídio, terão morrido entre cinco e 15 mil pessoas.

16 de maio

Primeiro grupo de prisioneiros judeus internado no campo de concentração de Mauthausen, na Áustria.

14 de junho

Obrigatório o registo de negócios como “judeus”, caso sejam propriedade de “judeus”, segundo as Leis de Nuremberga, assim facilitando a posterior localização e perseguição, bem como a espoliação de bens.

25 de junho

Médicos judeus ficam proibidos de tratar doentes “arianos”.

6 de julho

Proibição de judeus exercerem várias atividades. Com novas medidas, deixam de poder trabalhar em áreas como contabilidade, imobiliário, vendas ambulantes e qualquer trabalho fora da sua residência.

6-15 de julho

Conferência de Évian, em França. Encontro de representantes de 32 países para discutirem o problema dos refugiados judeus da Alemanha e da Áustria. Além da República Dominicana, nenhum país se mostra recetivo a acolher mais refugiados, com receio de repercussões económicas. 

8 de julho

Demolição da grande sinagoga de Munique.

17 de agosto

Judeus obrigados a adicionar nome. Para aqueles sem nomes considerados como “típicos de judeus”, os homens têm de adicionar “Israel” e as mulheres “Sarah” ao seu primeiro nome.

26 de agosto

Estabelecimento da “Zentralstelle für jüdische Auswanderung” (Repartição Central para a Emigração Judaica) em Viena, sob a direção de Adolf Eichmann.

29 de setembro

Acordo de Munique. Encontro de líderes de quatro países – Alemanha, França, Reino Unido e Itália –, que resulta em acordo para que a Alemanha ocupe a região dos Sudetas, na Checoslováquia, contra a promessa de que Hitler não ocupe mais territórios.

5 de outubro

Adição da letra “J” a passaportes de judeus alemães. Os passaportes anteriormente detidos por judeus ficam automaticamente inválidos. Os novos passaportes recebem a letra “J”, de “judeu” (Jude).

6 de outubro

Anexação da região dos Sudetas.

9-10 de novembro

Noite de Cristal” (Kristallnacht). Pogrom em toda a Alemanha, em retaliação pelo assassínio de um diplomata alemão em Paris por um estudante judeu. Numa única noite, são destruídas 267 sinagogas, 7500 estabelecimentos comerciais são pilhados e cerca de 30 mil judeus enviados para campos de concentração. A investigação recente aponta para 91 judeus assassinados.

10 de novembro

Leis raciais antissemitas na Itália. Entre outras medidas, os judeus estrangeiros são deportados, alunos e professores judeus são expulsos do ensino público e o casamento entre judeus e “arianos” é proibido.

12 de novembro

Novas leis para retirar os judeus da sociedade. Na sequência da “Noite de Cristal”, há um agravamento de leis antissemitas, entre as quais maiores restrições nas atividades económicas e proibição de judeus frequentarem universidades. Os judeus alemães são condenados a pagar uma multa de mil milhões de marcos.

15 de novembro

Crianças judias banidas do ensino público

3 de dezembro

Decreto “para a Eliminação dos Judeus da Vida Económica Alemã” assinado por Hermann Göring.

1939-1941
1939
30 de janeiro

Discurso de Hitler no Reichstag. Ameaça que o início de uma guerra, despoletada por “financeiros judeus internacionais”, resultaria não numa vitória do bolchevismo, mas no extermínio da “raça judia” na Europa.

21 de fevereiro

Ordem nazi para os judeus entregarem ouro, prata, platina e pedras preciosas ao governo alemão, bem como casacos, rádios, bicicletas e máquinas de escrever.

4 de março

Decreto “sobre o emprego de judeus” institui o trabalho forçado para os judeus na Alemanha.

14 de março

A Eslováquia declara independência da Checoslováquia, após incentivo por parte dos nazis, tornando-se assim um Estado sob proteção do Reich alemão.

15 de março

A Alemanha invade a Checoslováquia, numa violação do Acordo de Munique. Os nazis estabelecem o Protetorado da Boémia-Morávia.

15 de maio

Estabelecimento do campo de concentração de Ravensbrück, destinado a mulheres.

18 de agosto

Início do “Programa de Eutanásia (Aktion T4), com decreto para se reportaram crianças com menos de três anos que mostrassem sinais de doença física ou mental grave, com o objetivo de serem posteriormente assassinadas.

23 de agosto

Pacto de Não Agressão Germano-Soviético, ou Pacto Molotov–Ribbentrop.  A Alemanha e a URSS comprometem-se a não se atacarem entre si e a não se aliarem a qualquer inimigo da outra parte, acordando igualmente na partição da Polónia.

1 de setembro

Início da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha invade a Polónia. Dois dias depois, a França e o Reino Unido declaram guerra à Alemanha. Os Estados Unidos mantêm-se neutros.

6 de setembro

Ocupação de Cracóvia. Grupos da SS iniciam o fuzilamento em massa de judeus, inaugurando o extermínio em massa dos judeus dos territórios sucessivamente conquistados a Leste, em que o exército alemão (Wehrmacht) desempenhará igualmente um papel importante.

17 de setembro

A União Soviética invade o leste da Polónia. Uma cláusula do Pacto Molotov–Ribbentrop, revista a 28 de setembro, prevê a divisão, entre Alemanha e URSS, da Polónia, Estónia, Letónia, Lituânia, Finlândia e partes da Roménia.

29 de setembro

Partição da Polónia entre a Alemanha e a União Soviética. Com a ocupação de Varsóvia pelo exército nazi, intensificam-se as perseguições à população judaica. Milhares de doentes mentais internados em instituições polacas são assassinados no âmbito do programa de eutanásia nazi.

4 de outubro

Criação do Conselho Judaico (Judenrat) em Varsóvia, sob a direção de  Adam Czerniaków.

8 de outubro

Criação do primeiro gueto, em Piotrków Trybunalski, na Polónia ocupada. À medida que os nazis vão ocupando sucessivos territórios, executam de imediato planos para separar e isolar os judeus do resto da população.

26 de outubro

Estabelecimento do Governo Geral (Generalgouvernement), região administrativa na Polónia ocupada e controlada por nazis, entre as áreas polacas anexadas pela Alemanha nazi, a ocidente, e as áreas ocupadas pelos soviéticos, a leste. Judeus dos 14 aos 60 anos obrigados a dois anos de trabalhos forçados.

12 de novembro

Início das deportações de judeus, provenientes das regiões ocidentais da Polónia anexadas à Alemanha Nazi, para locais do Governo Geral (Generalgouvernement).

20 de novembro

Ordens para aprisionar e enviar para campos de concentração toda a população cigana da Alemanha.

Judeus na Polónia obrigados a colocar a Estrela de David no braço. Ordem aplicável a todos os judeus com mais de dez anos.

2 de dezembro

Primeiros gaseamentos de deficientes mentais. Como parte do “Programa de Eutanásia”, os nazis recorrem a carrinhas, onde as vítimas são expostas a elevadas quantidades de monóxido de carbono. Este método será “aperfeiçoado” e expandido nos anos seguintes.

1940
abril a junho

Invasão e ocupação de vários países: Dinamarca, Noruega, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo e França.

12 de abril

Ordens para que Cracóvia fique “livre de judeus” (judenrein) até novembro.

27 de abril

Abertura do campo de concentração de Auschwitz, nos arredores da cidade polaca com o mesmo nome (Oświęcim, em polaco). Trata-se do campo principal (Stammlager, ou Auschwitz I) de um complexo de campos que virá a ser um dos epicentros do Holocausto.

30 de abril

O gueto de Łódź é isolado. Criado a 8 de fevereiro, fica agora sem acesso ao mundo exterior. Numa área de quatro quilómetros quadrados, cerca de 164 mil judeus ficam confinados, 20% dos quais morrerão no gueto de fome, frio ou falta de condições sanitárias.

14 de junho

Primeiras das deportações para Auschwitz, com o envio de um grupo de 728 prisioneiros políticos polacos, 20 dos quais judeus.

10 de julho

Formação do governo de Vichy. A França está dividida em duas regiões principais: uma ocupada pela Alemanha Nazi, sobretudo a norte; a outra, com grande parte do sul, é liderada por Philippe Pétain e colabora com o regime nazi, perseguindo judeus.

15 de agosto

Plano para deportar os judeus europeus para Madagáscar nos quatro anos seguintes, num memorando publicado por Adolf Eichmann. Foi adiado e mais tarde abandonado, em 1942, com a adoção da “Solução Final”.

27 de setembro

Assinatura do Pacto Tripartido, ou Pacto do Eixo. Alemanha, Itália e Japão formam uma aliança que vem substituir o Pacto Anticomintern. Em comum, têm como interesse a expansão territorial com base em conquistas militares e a “destruição do comunismo”.

15 de novembro

O gueto de Varsóvia é isolado. O maior gueto da Polónia tem cerca de 450 mil judeus no interior, 30% da população da cidade, mas confinados em pouco mais de três quilómetros quadrados – apenas 2,4% da área de Varsóvia.

1941
20 de março

O gueto de Cracóvia é isolado. Além deste, na capital do Governo Geral, outros guetos continuam a ser formados/isolados, para segregar os judeus da restante comunidade: em 24 de abril, o gueto em Lublin (Polónia); 24 de junho, em Chișinău (Moldávia); 20 de julho, em Minsk (Bielorrússia); 1 de agosto, em Białystok (Polónia); 6 de setembro, em Vilna (Lituânia); entre muitos outros.

22 de junho

Início da Operação Barbarossa. As Potências do Eixo invadem a União Soviética, em violação do Pacto de Não Agressão Germano-Soviético. Apesar da ocupação inicial de um vasto território, a ofensiva alemã iria estagnar, saldando-se a Operação Barbarrossa num fracasso que selaria a derrota final dos exércitos nazis. 

23 de junho

Início dos assassínios pelos Einsatzgruppen. Estes esquadrões da morte são unidades móveis nazis que tinham como missão identificar, concentrar e executar judeus em massa, sobretudo na parte ocidental da União Soviética. Heinrich Himmler recebe relatórios diários destas operações.

31 de julho

Ordem de planeamento de uma “Solução Final”. Hermann Göring encarrega Reinhard Heydrich de estabelecer um plano para a “Solução Final da questão judaica”.

1 de setembro

Decreto para uso da Estrela de David. Reinhard Heydrich ordena que todos os judeus com mais de seis anos tragam a estrela amarela sempre no braço, na Alemanha e em todos os territórios ocupados. A estrela deve ter a palavra “Jude” (judeu) escrita no centro, em alemão ou na língua falada no território respetivo.

1 de setembro

Fim do programa de eutanásia nazi, que, contudo, continua de maneira não oficial. No total, estimam-se cerca de 70 mil mortes.

3 de setembro

Primeiros gaseamentos com Zyklon B em Auschwitz, de prisioneiros soviéticos e polacos (não judeus). Pela sua rapidez de ação, este viria a ser o método de extermínio mais utilizado em Auschwitz-Birkenau e Majdanek.

8 de setembro

Começa o cerco a Leninegrado. Durante quase 900 dias, este foi um dos cercos mais brutais da história militar. Pela fome e pela destruição, estima-se que mais de um milhão de soviéticos tenham perecido.

29 de setembro

Massacre de Babi Yar. Na véspera, os judeus locais são convocados para deportação. Em vez disso, são encaminhados para esta ravina, nos arredores de Kiev, Ucrânia. Uma unidade de Einsatzgruppen, apoiada por militares alemães e polícias ucranianos fuzilam, neste dia e no seguinte, quase 34 mil judeus, em grupos de dez de cada vez. Muitos outros massacres análogos haviam já tido e iriam ter lugar, muitas vezes com a ajuda de membros da população local.

1 de outubro

O campo de Majdanek entra em funcionamento, com a chegada do primeiro transporte de prisioneiros de guerra. Inicialmente pensado como campo de concentração, durante a Operação Reinhard passa a operar como centro de extermínio.

15 de outubro

Início das deportações em massa de judeus e roma (ciganos), entre outros, da Alemanha e da Áustria para os guetos a leste, como o de Łódź e outros nos estados bálticos, ocupados pelos alemães. Alguns destes estarão entre as primeiras vítimas gaseadas em Chełmno.

24 de novembro

O campo/gueto de Theresienstadt/Terezín entra em funcionamento, nos arredores de Praga. Para fins de propaganda, nomeadamente, por ocasião da visita de uma delegação da Cruz Vermelha Internacional, os nazis construirão a ficção de Theresienstadt como local-modelo para agrupamento de judeus, com uma próspera dinâmica educativa e cultural. O filme O Führer oferece uma cidade aos judeus, rodado em 1944, propagandeia esta ficção.

30 de novembro

Massacre de Rumbula. Neste dia, e a 8 de dezembro, foram assassinados cerca de 25 mil judeus na floresta de Rumbula, nos arredores de Riga, Letónia. Depois de Babi Yar, foi o maior massacre de judeus em dois dias, antes das operações nos campos de extermínio.

8 de dezembro

Início dos gaseamentos em Chełmno, com recurso a carrinhas onde se asfixiavam as vítimas com monóxido de carbono. Este centro de extermínio é o primeiro local fora da URSS onde decorrem massacres em massa. Foi criado exclusivamente para assassinar, sobretudo deportados do gueto de Łódź e de outras partes da Polónia anexada pelos nazis.

Ataque do Japão a Pearl Harbor, base naval dos Estados Unidos no Havai. No dia seguinte a este ataque militar aéreo surpresa, os Estados Unidos, até então neutros, declaram guerra ao Japão e entram na Segunda Guerra Mundial.

1942-1945
1942
2 de janeiro

A Crimeia ocidental é declarada “livre de judeus” (judenrein).

20 de janeiro

Conferência de Wannsee. Reunião convocada e dirigida por Reinhard Heydrich, num palacete junto ao lago Wannsee, com participação de 15 dirigentes militares e políticos nazis. Heydrich revela ali os processos de coordenação e aplicação do plano de extermínio de judeus à escala europeia que ficaria conhecido como a “Solução Final da questão judaica” (Endlösung der Judenfrage).

1 de março

Abertura do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, ou Auschwitz II, com as primeiras deportações e extermínio a começarem ainda neste mês. A cerca de 3 km do campo principal (Auschwitz I), Auschwitz-Birkenau é maior campo do complexo de Auschwitz, onde viriam a ser assassinadas mais de 1,1 milhões de pessoas, estimando-se que nove em cada dez serão judias.

17 de março

O campo de extermínio de Bełżec entra em pleno funcionamento, após um período de testes com gaseamentos, em finais de fevereiro. Nas primeiras quatro semanas, morrerão aqui cerca de 80 mil judeus vindos de Lublin, Lvov e de outros guetos. Trincheiras antitanque que ali havia são transformadas em valas comuns.

4 de maio

Primeira seleção de vítimas para as câmaras de gás em Auschwitz-Birkenau. Os oficiais das SS selecionam prisioneiros para enviar para as câmaras de gás: os considerados mais fracos, doentes e inaptos para trabalhos forçados. Este processo tornar-se-ia habitual alguns meses mais tarde, quer no momento de chegada dos deportados, quer entre os que já estavam ali em trabalho forçado.

16 de maio

O campo de extermínio de Sobibor entra em funcionamento. Como parte da Operação Reinhard, este campo é criado apenas para fins de extermínio. Viria a ser o quarto campo com maior número de vítimas: estima-se que aqui morrerão entre 170 mil e 250 mil pessoas.

27 de maio

Reinhard Heydrich é alvo de um atentado por membros da resistência checoslovaca e vem a morrer na sequência dos ferimentos sofridos. Como represália, a aldeia checa de Lídice, com cerca de 500 habitantes, é destruída. Os homens são executados a tiro, as mulheres são enviadas para o campo de Ravensbrück e as crianças são assassinadas nas câmaras de gás de Chełmno.

31 de maio

Abertura do campo de trabalho de Monowitz, também conhecido como Buna ou Auschwitz III. Neste campo do complexo de Auschwitz, cerca de 12 mil prisioneiros farão trabalho escravo para a I.G. Farben, indústria química alemã. Primo Levi e Elie Wiesel, estarão entre os sobreviventes do Holocausto que aqui trabalharam.

2 de junho

A BBC anuncia que 700 mil judeus foram mortos na Polónia. Já a 18 de maio, o New York Times havia noticiado o extermínio de judeus em massa por nazis na Polónia e na União Soviética. Apesar disso, a comunicação social não chega à conclusão que está em marcha um plano para matar todos os judeus da Europa e os governos dos países aliados não tomam medidas diretas perante estas notícias.

19 de julho

Himmler estabelece data-limite para extermínio de judeus do Governo Geral. Através de um despacho, Heinrich Himmler ordena que toda a população judaica do Generalgouvernement seja eliminada até ao final de 1942. Neste período, são assassinados, em média, 10 mil judeus por dia nos centros de morte da Polónia ocupada.

23 de julho

O campo de extermínio de Treblinka entra em funcionamento, com a chegada dos primeiros transportes do gueto de Varsóvia. Num espaço de dois meses, serão assassinados aqui cerca de 265 mil judeus. Até ao final do ano seguinte, estima-se que cerca de 900 mil vítimas terão aqui morrido.

8 de agosto

Telegrama de Gerhart Riegner, judeu nascido na Alemanha e a viver na Suíça. Após receber informações fidedignas sobre um plano de extermínio de 2,5 a 3 milhões de judeus, tenta passar esta informação aos EUA e ao Reino Unido, esperando uma operação de resgate. No entanto, a informação é tratada como boato, é alvo de investigação e só passa a conhecimento público alguns meses depois.

12 de setembro

Início da Batalha de Estalinegrado. O controlo desta cidade seria essencial no plano de Hitler para derrotar a União Soviética, pelo seu valor simbólico – cidade com o nome do líder soviético – e pela localização estratégica, junto do rio Volga, para fins comerciais e de transporte.

17 de dezembro

Os Aliados emitem um comunicado a denunciar o extermínio de judeus, “Declaração sobre as Atrocidades”. No seguimento do telegrama de Gerhart Riegner, de 8 de agosto, e após meses de investigação, é emitido um comunicado conjunto a condenar a política alemã de extermínio. Apesar disso, os Aliados não tomam medidas prioritárias de resgate de judeus.

1943
14 de fevereiro

Conferência de Casablanca. Reunidos em Casablanca, Churchill e Roosevelt declaram a rendição incondicional da Alemanha como objetivo da guerra.

2 de fevereiro

Rendição do 6.º Exército alemão em Estalinegrado. O exército alemão terá perdido mais de 400 mil combatentes, com 600 mil dos seus membros a serem feitos prisioneiros. Esta vitória soviética constitui um ponto de viragem decisivo no curso da Guerra.

26 de fevereiro

Primeira deportação de sinti e roma (ciganos) para Auschwitz. É criada uma secção especial em Birkenau, o “campo dos ciganos”, que viria a receber, até julho de 1944, cerca de 23 mil homens e mulheres e crianças, dos quais 21 mil viriam a ser assassinados nas câmaras de gás.

19 de abril

Início da revolta do gueto de Varsóvia. Numa tentativa de evacuar o gueto, os alemães encontram uma oposição armada, ainda que precariamente. Com os judeus escondidos em abrigos para evitarem a deportação, os alemães começaram a incendiar os prédios. A resistência manteve-se até 16 de maio. Com exceção de alguns combatentes da resistência, que conseguem fugir, os judeus são capturados e enviados para campos de extermínio ou de trabalhos forçados. O gueto ficaria completamente destruído. Esta primeira grande revolta em área de ocupação nazi inspirou outras revoltas e tornou-se símbolo da resistência judaica. Antes e depois de Varsóvia, as evacuações dos guetos defrontam-se, em muitos casos, com resistência armada.

19 de abril

Conferência das Bermudas. Com pressão crescente da opinião pública, os Estados Unidos e o Reino Unido reúnem-se nas Bermudas para discutir o destino dos refugiados judeus. Tal como acontecera na Conferência de Évian, em 1938, o fracasso é completo e não se chega a qualquer medida de ajuda.

21 de junho

Ordem para esvaziar os guetos dos estados bálticos e da Bielorrússia. Himmler ordena a deportação de todos os judeus deste território ocupado a Leste (RKO  – Reichskommissariat Ostland) para campos de concentração.

28 de junho

Está completa a construção dos quatro crematórios de Auschwitz-Birkenau. 4756 corpos podem ser incinerados em 24 horas.

2 de agosto

Início da revolta em Treblinka. Com a morte dos últimos deportados nas câmaras de gás, em maio, restam ali cerca de mil prisioneiros, que organizam uma revolta armada com as ferramentas de que dispunham e armas roubadas. Muitos são fuzilados ali e os cerca de 300 que conseguem fugir são perseguidos. Quase todos são capturados e executados – sobrevivem pouco mais de 60.

15 de agosto - 23 de setembro

Liquidação dos guetos de Białystok (Polónia), Minsk (Bielorrússia) e Vilna (Lituânia). Grupos de resistentes revoltam-se em Białystok (20 de agosto) e em Vilna (1 de setembro), mas as forças alemãs sobrepõem-se e a maior parte dos judeus é enviada para campos de extermínio – os restantes são deportados para campos de trabalho ou executados noutro local.

29 de setembro

Criação de um Sonderkommando com o objetivo de proceder à exumação e incineração de 100 mil cadáveres em Babi Yar para esconder os traços do massacre.

1 de outubro

Operação de salvamento dos judeus dinamarqueses. Na iminência da deportação, uma ampla mobilização da população dinamarquesa, incluindo o rei Cristiano, leva à evacuação para a Suécia de mais de sete mil concidadãos, permitindo o salvamento da grande maioria dos judeus dinamarqueses.

14 de outubro

Início da revolta em Sobibor. Um grupo de judeus liderado por Leon Feldhendler, mais tarde ajudado por Alexander Pechersky, prisioneiro de guerra soviético, planeiam uma revolta armada. Após terem matado alguns SS e guardas ucranianos, cerca de 300 prisioneiros conseguem escapar do campo. Destes, apenas cerca de 50 viriam a sobreviver à guerra.

20 de outubro

Criação da Comissão das Nações Unidas para os Crimes de Guerra, para investigar alegados crimes de guerra cometidos pela Alemanha nazi e por outras potências do Eixo.  

3 de novembro

Operação “Festival da Colheita” (Aktion Erntefest). Para evitar mais revoltas como as ocorridas em guetos ou em campos, como Treblinka e Sobibor, Himmler ordena a execução dos judeus submetidos a trabalhos forçados na região de Lublin, no Governo Geral. Neste dia e no seguinte são fuzilados cerca de 43 mil judeus nos campos de Majdanek, Poniatowa e Trawniki.

28 de novembro

Início da Conferência de Teerão. Churchill, Roosevelt e Estaline reúnem-se na capital do Irão para tomarem decisões sobre o cerco à Alemanha e estabelecerem as bases para fronteiras e políticas no pós-guerra.

1944
26 de janeiro

Criação do War Refugee Board, por Roosevelt, com o objetivo de dar proteção às vítimas das potências do Eixo, em conjunto com organizações judaicas, diplomatas de países neutros e grupos de resistência na Europa. Grande parte dos judeus da Europa já havia sido exterminada. A maior comunidade judaica reside agora na Hungria – com a ocupação nazi, o War Refugee Board desempenhará aqui um papel importante, com apoio ao sueco Raoul Wallenberg, que viria a salvar por via diplomática milhares de judeus húngaros. 

19 de março

As tropas alemãs ocupam a Hungria. A Hungria juntara-se às forças do Eixo em outubro de 1940. O primeiro-ministro húngaro, Miklós Kállay, preparava-se, juntamente com o regente Miklós Horthy, para negociar secretamente com os Aliados. Para evitar isso, Hitler lança a Operação Margarethe (Unternehmen Margarethe).

7 de abril

Relatório Vrba–Wetzle. Rudolf Vrba e Alfred Wetzler, dois judeus eslovacos, conseguem fugir de Auschwitz no início de abril e redigem, como testemunhas oculares, o primeiro documento que explica em detalhe a geografia e o funcionamento dos campos de Auschwitz e Birkenau. Depressa é traduzido e disseminado, sendo um dos três relatórios que vêm a ser conhecidos por “Protocolos de Auschwitz”.

15 de maio

Início das deportações em massa de judeus húngaros para Auschwitz-Birkenau. Um mês atrás, o governo húngaro começara a registar os judeus e a confiscar os seus bens. Até 9 de julho, serão deportados mais de 430 mil judeus, a maioria dos quais assassinada à chegada, nas câmaras de gás.

junho - novembro

Libertação de várias cidades europeias. Neste período, a ocidente e a sul, os avanços dos Aliados permitem a libertação de cidades como Roma, Paris e Bruxelas. A leste, o exército soviético, que já recuperara o controlo de Kiev em novembro de 1943, liberta, entre outras, Minsk, Vilnius, Bucareste e Sófia.

6 de junho

Dia D: os Aliados desembarcam na Normandia. Este desembarque, a que se seguiriam outros, marca o início dos movimentos dos Aliados para recuperar o controlo de França e seguir em direção à Alemanha.

23 de junho

Visita da Cruz Vermelha a Theresienstadt/Terezín. No seguimento da deportação de judeus dinamarqueses, meses antes, as autoridades dinamarquesas fazem pressão para que seja feita uma inspeção às condições de vida do local. Os nazis prepararam um embuste: começaram por deportar mais de 7000 habitantes para diminuir a sobrepopulação do gueto e fizeram várias melhorias ao nível estético e de infraestruturas para embelezar o espaço. A visita foi um sucesso para os nazis, com o comité da Cruz Vermelha a afirmar que os prisioneiros estavam a ser tratados de forma humana.

20 de julho

Tentativa falhada de assassinar Hitler. Claus von Stauffenberg e outros oficiais nazis preparam um plano para colocar perto de Hitler, durante uma reunião, uma mala com uma bomba. Várias alterações de última hora frustraram os planos. Morreram quatro pessoas na explosão, ficando Hitler apenas ligeiramente ferido. Os conspiradores foram executados.

23 de julho

Libertação do campo de extermínio de Majdanek. Primeiro campo a ser libertado, com a chegada do exército soviético. Os alemães tinham evacuado cerca de mil prisioneiros para Auschwitz, onde chegou apenas metade. Antes de abandonarem o campo, queimaram os documentos, fizeram explodir o crematório e incendiaram alguns edifícios. No entanto, deixaram intactas as câmaras de gás e parte dos barracões de prisioneiros. Uma comissão começa de imediato a investigar os crimes de guerra ali cometidos.

4 de agosto

Anne Frank e as outras pessoas escondidas são descobertas. Os habitantes do anexo são detidos, em Amesterdão, e dali deportados para Auschwitz-Birkenau. A 1 de novembro, Anne Frank e a irmã são enviadas para o campo de Bergen-Belsen, onde viriam a morrer de tifo, em fevereiro de 1945.

7 de agosto

Início da liquidação do gueto de Łódź. Até 30 de agosto são deportados cerca de 60 mil judeus e um número indefinido de roma para Auschwitz, 90% dos quais são assassinados. A cidade de Łódź viria a ser libertado pelo exército soviético a 19 de janeiro de 1945.

7 de outubro

Revolta do Sonderkommado em Auschwitz-Birkenau. Cientes de que as SS haviam começado a liquidar membros deste conjunto especial de trabalhadores forçados, o Sonderkommando iniciou uma revolta – conseguiu destruir o Crematório IV e matar alguns guardas, mas depressa foi dominado pelas SS. Cerca de 250 membros morreram de imediato e outros 200 foram executados depois dos combates.

25 de novembro

Início da destruição de câmaras de gás e crematórios em Auschwitz-Birkenau. Pouco depois das últimas mortes por gás, no início do mês, Himmler ordena o fim dos gaseamentos. Partes dos Crematórios I e II são retiradas e montadas no campo de Groß-Rosen. As estruturas são desmanteladas e detonadas e outras provas dos assassínios em massa são eliminadas.

1945
5 de janeiro

Último transporte para Auschwitz.

17 de janeiro

Início da evacuação de Auschwitz. Cerca de 60 mil prisioneiros são obrigados a abandonar o complexo de Auschwitz e forçados a entrar nas “Marchas da Morte”, para serem reinstalados em campos mais a ocidente. O mesmo acontece noutros campos, com a aproximação dos exércitos dos Aliados. Em condições desumanas, muitos morrem ou são executados pelo caminho – o que aconteceu a cerca de 15 mil dos prisioneiros de Auschwitz.

27 de janeiro

Libertação de Auschwitz, pelo exército soviético. Em todo o complexo de campos, os soldados encontram menos de oito mil prisioneiros, a maior parte deixada para trás pelos nazis, demasiado doente para caminhar.

4 de fevereiro

Conferência de Ialta. Os chefes de Estado dos EUA, do Reino Unido e da União Soviética reúnem-se mais uma vez, em segredo, para tomar decisões sobre a repartição de territórios após a guerra.

11 de abril

Libertação de Buchenwald, pelo exército norte-americano, que encontra mais de 20 mil prisioneiros no campo. Passaram, por este campo, e pelos seus subcampos, cerca de 240 mil prisioneiros e estima-se que tenham aqui morrido cerca de 50 mil pessoas.

15 de abril

Libertação de Bergen-Belsen, pelo exército britânico. Cerca de 60 mil prisioneiros são encontrados vivos, mas, devido às condições degradantes do campo e ao estado de saúde precário (malnutrição, tifo, etc.) dos prisioneiros, quase 14 mil viriam a morrer.

29 de abril

Libertação de Dachau, pelo exército norte-americano, que encontra cerca de 30 mil prisioneiros. Nos meses anteriores, muitos prisioneiros haviam perdido a vida, vítimas de doença ou de exaustão, ou por terem sido evacuados nas “Marchas da Morte”.

Libertação de Ravensbrück, pelo Exército Vermelho.

30 de abril

Suicídio de Hitler no bunker da Chancelaria do Reich, em Berlim. No dia seguinte Goebbels suicida-se também, após matar os seis filhos. Outros oficiais nazis virão igualmente a suicidar-se nos dias seguintes.

2 de maio

As forças soviéticas ocupam Berlim. Com lutas incessantes há duas semanas, nas ruas e nos arredores da cidade, os soviéticos tomam o edifício do Reichstag.

5 de maio

Libertação de Mauthausen, pelo exército norte-americano, na Áustria anexada. Mais de 17 mil prisioneiros são libertados. Neste mesmo dia também é libertado Gusen, um subcampo do sistema de campos de Mauthausen, com cerca de 20 mil prisioneiros sobreviventes. Na mesma data, Theresienstadt é também libertada pelo exército norte-americano.

8 de maio

Fim da guerra na Europa, declarado por Churchill e Truman, com a rendição incondicional da Alemanha. O dia da vitória na Europa (V-E Day) é comemorado a 8 de maio, no Ocidente. A Leste, é comemorado a 9 de maio, dia em que Estaline declarou o fim da guerra.

16 de julho

Conferência de Postdam. Em nova reunião dos líderes dos EUA, do Reino Unido e da União Soviética, estes tomam decisões sobre a futura administração da Alemanha, o estabelecimento de fronteiras nos países recentemente ocupados, o julgamento de criminosos de guerra e o curso da guerra no Japão, entre outras. Os Aliados exigem a rendição do Japão, que é rejeitada.

6 e 9 de agosto

Bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki. No dia 6 de agosto, os Estados Unidos lançam uma bomba nuclear sobre Hiroshima – três dias depois, outra sobre Nagasaki. É a primeira vez na história que bombas atómicas são utilizadas em civis. Entre 129 e 226 mil terão perdido a vida nestas duas cidades.  

15 de agosto

O Japão rende-se, após anúncio do imperador, na sequência dos bombardeamentos em Hiroshima e Nagasaki. A cerimónia oficial com a assinatura dos documentos de rendição dá-se a 2 de setembro.

20 de novembro

Início dos julgamentos em Nuremberga. A cargo de um Tribunal Militar Internacional, constituído por elementos dos EUA, do Reino Unido, de França e da União Soviética, são levados a julgamento 24 réus, acusados de crimes contra a humanidade e crimes de guerra, entre outros.

Depois de 1945
1946
4 de julho

Massacre de judeus em Kielce, Polónia. No seguimento do boato de que judeus haviam matado crianças cristãs e usavam o sangue destas em rituais, um grupo de soldados, polícias e civis polacos organizam um pogrom, que resulta na morte de 42 judeus. Com o objetivo de desencorajar o regresso de judeus após o Holocausto, considera-se que este evento terá levado à fuga de muitos judeus da Polónia.

1 de outubro

Veredictos dos julgamentos em Nuremberga. Os veredictos são anunciados a 1 de outubro de 1946. Dos 24 réus iniciais, 22 enfrentam acusações e, destes, apenas três são absolvidos. 12 são condenados à morte por enforcamento e os restantes a penas de prisão.

1947
11 de junho

O navio Exodus 1947 parte de França com mais de 4500 judeus, em direção à Palestina, território de administração britânica. Tratando-se de emigração não autorizada, o navio foi intercetado, rebocado até Haifa e os passageiros foram distribuídos noutras embarcações e deportados de volta para França, onde permaneceram ancorados por mais de um mês.

8 de setembro

Os refugiados do Exodus 1947 partem para Hamburgo e voltam para campos de displaced persons. Este episódio é sintomático da situação precária dos sobreviventes do Holocausto e aumenta a pressão internacional para que o Reino Unido permita livremente a emigração de judeus para a Palestina.

29 de novembro

A ONU recomenda a divisão da Palestina em dois Estados, um judeu e um árabe, ficando a cidade de Jerusalém sob administração da ONU, num regime internacional especial. Os líderes judeus aceitaram a proposta e os líderes árabes rejeitaram-na.

1948
14 de maio

Declaração de independência do Estado de Israel. David Ben-Gurion, líder sionista, anuncia a criação deste Estado e declara que não haveria restrições à imigração de judeus. Israel foi admitido como membro da ONU em maio de 1949. Entre 1948 e 1951, quase 700 mil judeus emigraram da Europa para Israel, o que equivale a mais de dois terços das displaced persons judias.

25 de junho

Aprovação da Lei para Displaced Persons (Displaced Persons Act) pelo Congresso norte-americano, que visa, durante um período limitado de tempo, conceder um visto de residência permanente a cerca de 200 mil displaced persons. Numa fase inicial, a lei é discriminatória para com judeus, o que viria a ser emendado posteriormente. Estima-se que os EUA tenham acolhido cerca de 80 mil judeus entre 1945 e 1952.

9 de dezembro

Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. Na sequência das atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, a ONU aprova este tratado, que passa a considerar o genocídio como crime punível ao abrigo da lei internacional. Entrou em vigor a 12 de janeiro de 1951, após ter sido ratificada por mais de 20 países.

1961
11 de abril

Início do julgamento de Adolf Eichmann, em Jerusalém. Após ter fugido no pós-guerra, é capturado na Argentina, em 1960, pelos serviços secretos israelitas (Mossad). Num julgamento que despertou o interesse da comunidade internacional, no dia 15 de dezembro deste ano é considerado culpado de todas as acusações que enfrentava e condenado à morte.

1963
20 de dezembro

Início do Processo de Auschwitz (Auschwitz-Prozess), em Frankfurt am Main, composto por vários conjuntos de julgamentos que levaram à justiça vários guardas das SS, entre outras pessoas, pelos crimes cometidos em Auschwitz, o maior sistema de campos de concentração do Holocausto. Ao contrário dos procedimentos noutros processos, como o de Nuremberga, onde foi aplicada a lei internacional, em Frankfurt é aplicado o direito penal da RFA. O processo foi instruído pela Repartição Central das Administrações Centrais Estaduais para a Investigação dos Crimes Nacional-Socialistas (“Zentrale Stelle der Landesjustizverwaltungen zur Aufklärung nationalsozialistischer Verbrechen”), estabelecida em 1958 na cidade de Ludwigsburg e que que desempenharia um papel central na responsabilização, mesmo que tardia, de muitos envolvidos no Holocausto, com o Processo de Auschwitz a constituir um momento determinante, de grande impacto na opinião pública alemã. 

1978
1978

Transmissão da série televisiva norte-americana Holocaust. Centrada no destino ficcional da família Weiss, esta série, apesar das suas óbvias deficiências, nomeadamente no plano documental, teve um grande impacto na opinião pública alemã e internacional. A popularização do termo “Holocausto” para designar o genocídio nazi data deste momento e testemunha a força desse impacto.

1995
5 de março

Abertura da Exposição sobre a Wehrmacht (Wehrmachtsausstellung), em Hamburgo, organizada pelo Instituto de Estudos Sociais (Hamburger Institut für Sozialforschung), da mesma cidade. A exposição foi determinante para derrubar o mito de uma Wehrmacht impoluta, sem participação no Holocausto ou noutros crimes de guerra nazis e para tematizar o envolvimento de amplas camadas da população alemã. Até 1999, a exposição percorreu mais de 30 cidades alemãs e austríacas, obtendo forte impacto. Após várias controvérsias e críticas sobre a possível inexatidão de algumas fotografias, a exposição foi revista, sendo uma segunda versão apresentada em 2001.

1933-19381933193419351936193719381939-19411939194019411942-19451942194319441945Depois de 19451946194719481961196319781995