Kurt Gerstein (1905-1945) foi um oficial das SS com a patente de “Obersturmbannführer”. Licenciado em Engenharia de Minas, aderiu ao NSDAP em Maio de 1933. Membro da “Igreja Confessional”, que se opunha à integração da Igreja Evangélica Alemã na estrutura do Estado nazi e defendia uma atitude de resistência. Em 1936, expulso, por este motivo, da função pública. Em 1936 e 1938, breves períodos de aprisionamento, em 1938, expulsão do partido. Readmitido provisoriamente em junho de 1939, alista-se nas SS em inícios de 1941, aparentemente, com o propósito de poder conhecer por dentro e denunciar a máquina de extermínio nazi. A sua formação e competência técnica tornam-no rapidamente alto responsável no âmbito da utilização do gás nos campos de extermínio. Testemunha pessoal do uso das câmaras de gás nos campos de Bełżec e Treblinka, Sobibor ou Majdanek, empreende diversos contactos internacionais reportando as práticas de extermínio, na esperança de suscitar o interesse da opinião pública europeia e mundial. Contudo, por provável inação dos seus interlocutores, os seus esforços não obtiveram quaisquer consequências práticas. Em 25 de abril de 1945, entrega-se como prisioneiro ao exército francês, redigindo, nessa condição, em francês e alemão, um relatório sobre as atrocidades de que fora testemunha. O “Relatório de Gerstein” constitui uma peça documental de primeira importância sobre o Holocausto. Em 27 de maio de 1945, foi encontrado morto na sua cela. A causa da morte, atribuída a suicídio, permanece, até hoje, envolta em mistério.

^{Referências
     Friedländer, Saul (1968), Kurt Gerstein: Entre o homem e a Gestapo. Trad. Maria José Miranda. Lisboa: Moraes.}