Autor: Elie Wiesel
Título: Noite
Local de publicação: Lisboa
Editora: Texto Editores
Ano de publicação: 2012 (4.ª ed.)
Tradução: Paula Almeida
Número de páginas: 136
Edição em francês: La Nuit. Paris: Les Éditions de Minuit, 1958.
(Esta edição, fonte das traduções noutras línguas, é uma versão reduzida da original, em iídiche, Un di velt hot geshvign [E o Mundo Manteve-se em Silêncio], publicada na Argentina, em 1956.)
Palavras-chave: memória; testemunho; Roménia, Auschwitz; Buna; Marchas da Morte; Buchenwald
Índice
Não disponível.
[Prefácio de François Mauriac. Obra dividida em nove capítulos, sem títulos, numerados de I a IX.]
Sinopse
Um dos testemunhos mais conhecidos sobre a experiência do Holocausto. Começa por contextualizar a comunidade judaica de Sighet, pequena cidade da Transilvânia (Roménia), que vivia em relativa normalidade até à primavera de 1944, apesar de uma deportação de judeus estrangeiros que já ocorrera e de todos os relatos que ali chegavam, constantemente ignorados. A chegada dos alemães depressa trouxe um conjunto de restrições, chegando, pouco depois, a ordem de deportação de todos os judeus para Auschwitz-Birkenau, tinha Elie Wiesel 15 anos. Através de frases incisivas, é descrita a viagem de comboio, a chegada de noite ao Lager, as chamas visíveis a sair das chaminés dos fornos crematórios, os processos de seleção (que separaram Elie e o pai da mãe e das irmãs) e a crescente desumanização dos judeus durante as experiências no campo. Perante as atrocidades testemunhadas em Auschwitz, Elie Wiesel questiona o sentido de continuar a crer num Deus que assiste, impávido, ao cenário de medo e morte, inclusive de crianças. Com a aproximação do Exército Vermelho, Elie e o pai são enviados nas chamadas Marchas da Morte até chegarem ao campo de Buchenwald, em janeiro de 1945. Num tom honesto em que vão sendo descritos os horrores passados nos campos, em torno de um pequeno número de pessoas com que se vai cruzando, Elie Wiesel não deixa também de descrever os momentos em que sente culpa, arrependimento e vergonha pelo que pensa ou pela forma como age, sobretudo perante o pai. A “noite” surge recorrentemente como símbolo da escuridão, do desumano, da morte, da perda de fé, do indizível.
Excerto
"Nunca esquecerei aquela noite, a primeira noite no campo, que fez da minha vida uma longa noite e sete vezes aferrolhada.
Nunca esquecerei aquele fumo.
Nunca esquecerei os pequeninos rostos das crianças cujos corpos eu vi transformarem-se em espirais sob um céu mudo.
Nunca esquecerei aquelas chamas que consumiram para sempre a minha Fé.
Nunca esquecerei aquele silêncio noturno que me privou, para a eternidade, do desejo de viver.
Nunca esquecerei aqueles momentos que assassinaram o meu Deus e a minha alma, e que transformaram os meus sonhos em cinzas.
Nunca esquecerei, mesmo que tenha sido condenado a viver tanto tempo quanto o próprio Deus.
Nunca."
(p. 48).
Outras obras de Elie Wiesel
• Edições em português
Testamento de um Poeta Judeu Assassinado. Trad. de Teresa Coelho. Lisboa: Dom Quixote, 1986. [ed. original, Le Testament d'un poète juif assassiné (1980)]
O Esquecido. Trad. Maria da graça Moraes Sarmento. Viseu: Difel, 1989. [ed. original, L'oublié (1989)]
Memória a Duas Vozes (com François Mitterrand). Trad. Francisco Paiva Boléo. Lisboa: Dom Quixote, 1995. [ed. original, Mémoire à deux voix (1995)]
Celebração Profética. Retratos e Lendas. Trad. Maria Delfina Chorão de Aguiar. Coimbra : Gráfica de Coimbra, 1999. [ed. original, Célébration prophétique. Portraits et legends (1999)]
Dia. Trad. Paula Almeida. Lisboa: Texto, 2004. [ed. original, Le jour (1961)]
O Tempo dos Desenraizados. Trad. Magda Bigotte Figueiredo. Lisboa: Dom Quixote, 2004. [ed. original, Le temps des déracinés (2003)]
Amanhecer. Trad. Paula Almeida. Lisboa: Texto, 2005. [ed. original, L'Aube (1960)]
• Ficção
L'aube. Paris: Éditions du Seuil, 1960.
Le jour. Paris: Éditions du Seuil, 1961.
La ville de la chance. Paris: Éditions du Seuil, 1962.
Les portes de la forêt. Paris: Éditions du Seuil, 1964.
Le mendiant de Jérusalem. Paris: Éditions du Seuil, 1968.
Le serment de Kolvillàg. Paris: Éditions du Seuil, 1973.
Le Testament d'un poète juif assassiné. Paris: Éditions du Seuil, 1980.
Le cinquième fils. Paris: Éditions Grasset, 1983.
Le crépuscule, au loin. Paris: Éditions Grasset, 1987.
L'oublié. Paris: Éditions du Seuil, 1989.
Les juges. Éditions du Seuil, 1999.
Le temps des déracinés. Paris: Éditions du Seuil, 2003.
Un désir fou de danser. Paris: Éditions du Seuil, 2006.
Le cas Sonderberg. Paris: Éditions Grasset, 2008.
Otage. Paris: Éditions Grasset, 2010.
• Não Ficção
Un di velt hot geshvign. Buenos Aires: Tsenṭral-Farband fun Poylishe Yidn, 1956.
Entre deux soleils. Paris: Éditions du Seuil, 1970.
A Jew Today. New York: Random House, 1978.
Images from the Bible: the paintings of Shalom of Safed, the words of Elie Wiesel (com Shalom of Safed). New York: Viking Press, 1980.
Against Silence: The Voice and Vision of Elie Wiesel (com Irving Abrahamson). New York: Holocaust Library, 1985.
The Six Days of Destruction: Meditations Towards Hope (com Albert H. Friedlander). Oxford; New York: Pergamon Press, 1988.
Le mal et l'exil: 10 ans après (com Michaël de Saint-Cheron). Paris: Nouvelle Cité, 1988.
A Journey of Faith (com John Joseph O'Connor). New York: Dutton Adult, 1990).
From the Kingdom of Memory: Reminiscences. New York: Schocken Books, 1990.
A Passover Haggadah. Ilustrado por Mark Podwal. New York: Simon & Schuster, 1993.
Tous les fleuves vont à la mer. Mémoires. Paris: Éditions du Seuil, 1994.
Mémoire à deux voix (com François Mitterrand). Paris: Odile Jacob, 1995.
Et la mer n'est pas remplie. Mémoires 2. Paris: Éditions du Seuil, 1996.
Célébration prophétique. Portraits et legends. Paris: Éditions du Seuil, 1998.
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