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Assim Foi Auschwitz

Autor: Primo Levi (com Leonardo De Benedetti; org. Fabio Levi e Domenico Scarpa)
Título: Assim Foi Auschwitz. Testemunhos 1945-1986
Local de publicação: Lisboa
Editora: Objectiva
Ano de publicação: 2015
Tradução: Federico Carotti
Número de páginas: 291
Edição original, em italiano: Così fu Auschwitz. Testimonianze 1945-1986. Torino: Einaudi, 2015.
Palavras-chave: Memória; testemunho; Auschwitz; Adolf Eichmann


Índice

Nota dos organizadores (Fabio Levi e Domenico Scarpa)

Relatório sobre a organização higiénico-sanitária do Campo de concentração para Judeus de Monowitz (Auschwitz – Alta Silésia). 1945-1946 (Leonardo de Benedetti [LB]; Primo Levi [PL])
Relação do Dr. Primo Levi n.º de matrícula174517 sobrevivente de Monowitz-Buna. 1945 (PL)
Depoimento. c. 1946 (PL)
Depoimento sobre Monowitz. 1946? (LB)
Declarações para o processo Höss. 1947 (PL)
Depoimento para o processo Höss. 1947 (LB)
Testemunho de um companheiro de prisão. 1953 (PL)
Aniversário. 1955 (PL)
Denúncia contra o dr. Joseph Mengele. c. 1959 (LB)
Carta à filha de um fascista que pede a verdade. 1959 (PL)
Milagre em Turim. 1959 (PL)
O tempo das suásticas. 1960 (PL)
Depoimento para o processo Eichmann. 1960 (PL)
Testemunho para Eichmann. 1961 (PL)
Deportação e extermínio de judeus. 1961 (PL)
Declarações para o processo Bosshammer. 1965 (PL)
A deportação dos Judeus. 1966 (PL)
Questionário para o processo Bosshammer. 1970 (LB)
Questionário para o processo Bosshammer. 1970 (PL)
Depoimento para o processo Bosshammer. 1971 (PL)
A Europa dos Lager. 1973 (PL)
Assim foi Auschwitz. 1975 (PL)
Deportados políticos. 1975 (PL)
Esboço de texto para o interior do Block italiano em Auschwitz. 1798 (PL)
Em Auschwitz, uma comissão secreta de defesa. 1979 (PL)
Aquele comboio para Auschwitz. 1979 (PL)
Recordação de um homem bom. 1983 (PL)
À nossa geração. 1986 (PL)

Apêndice
O comboio para Auschwitz (Primo Levi e Leonardo De Benedetti)
Uma testemunha e a verdade (Fabio Levi e Domenico Scarpa)

Anexo
Documentação fotográfica
Notas sobre os textos (Domenico Scarpa)
Agradecimentos


Sinopse

A pedido do exército soviético, o químico Primo Levi e o cirurgião Leonardo De Benedetti, ambos prisioneiros do Lager de Monowitz (Auschwitz III), escreveram, na primavera de 1945, o "Relatório sobre a organização higiénico-sanitária do Campo de concentração para Judeus de Monowitz". Este, que é o maior texto desta antologia, centra-se na falta de condições de higiene dos prisioneiros do Lager, bem como nas doenças ali mais frequentes, divididas por grupos, e de que modo eram ou não tratadas. O relato, que descreve em detalhe o funcionamento e certas práticas do hospital do Lager, termina com a descrição das condições ainda mais extremas a que estiveram expostos os doentes nos dias que antecederam a chegada do Exército Vermelho, após a evacuação do campo. Além deste relatório, há quatro textos de Leonardo de Benedetti e mais de 20 de Primo Levi, ordenados cronologicamente e de vários géneros e origens, como declarações e depoimentos utilizados em julgamentos de criminosos nazis (Höss, Mengele, Eichmann), artigos publicados em jornais ou o esboço do texto escrito para o memorial italiano em Auschwitz. Os testemunhos abarcam o período 1945-1986, sendo o último o texto que Primo Levi apresentou num congresso que foi a sua última aparição pública (v. excerto infra), onde, na qualidade de sobrevivente, volta a enfatizar o dever moral que tem de transmitir a memória do Holocausto.


Excerto

"Um livro lê-se, pode divertir ou não, pode instruir ou não, pode ser lembrado ou relido. Como escritor da deportação, isso não me basta. Desde o meu primeiro livro, Se isto é um homem, quis que os meus escritos, embora assinados por mim, fossem lidos como obras colectivas, como uma voz que representa outras vozes. Mais do que isso: que fossem uma abertura, uma ponte entre nós e os nossos leitores, especialmente os jovens. [...]
     Assim, não é por acaso que boa parte do meu trabalho actual consiste numa espécie de diálogo ininterrupto com os meus leitores. Recebo muitas cartas cheias de «porquê?»; pedem-me entrevistas; fazem-me sobretudo, especialmente os jovens, duas perguntas fundamentais: Como pôde acontecer o horror do Lager? Voltará a acontecer? [...]
     Nós, sobreviventes, somos testemunhas, e todas as testemunhas devem responder (também segundo a lei) com a verdade e de maneira completa: mas para nós trata-se além disso de um dever moral, porque as nossas fileiras, que sempre foram exíguas, estão a reduzir-se gradualmente. Tentei cumprir esse meu dever com o meu recente livro, Os que sucumbem e os que se salvam, que talvez alguns de vocês tenham lido [...]. Também este livro, que é feito de perguntas sobre a deportação (não só sobre a nazi) e de tentativas de resposta, faz parte do longo diálogo que venho mantendo, agora já há mais de quarenta anos [...]. Espero que, no juízo dos leitores, ele atenda ao próprio tema do congresso: isto é, que traga a sua modesta contribuição para a compreensão da história de hoje, cuja violência é filha da violência à qual tivemos a sorte de sobreviver."
(pp. 163-165).


Outras obras de Primo Levi

• Edições em português
     Se Isto é um Homem. Trad. Simonetta Cabrita Neto. Lisboa: Teorema, 1988 [ed. original, Se questo è un uomo (1947)].
     Se Não Agora, Quando?. Trad. José Colaço Barreiros. Lisboa: Dom Quixote, 1988 [ed. original, Se non ora, quando? (1982)].
     A Trégua. Trad. José Colaço Barreiros. Lisboa: Teorema, 2004 [ed. original, La trégua (1963)].
     Os que Sucumbem e os que se Salvam. Trad. José Colaço Barreiros. Lisboa: Teorema, 2008 [ed. original, I sommersi e i salvati (1986)].
     O Dever de Memória. Trad. Esther Mucznik. Lisboa: Cotovia, 2010 [ed. original, Le devoir de mémoire (1995)].
     O Sistema Periódico. Trad. Maria do Rosário Pedreira. Alfragide: Teorema, 2012 [ed. original, Il sistema periodico (1975)].
     O Último Natal de Guerra. Trad. Clara Rowland. Lisboa: Cotovia, 2015 [ed. original, L'ultimo Natale di guerra (1986)].
     Auschwitz, Cidade Tranquila. Trad. Diogo Madre Deus e Maria do Rosário Pedreira. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2021 [ed. original, Auschwitz, città tranquilla (2021)].
     A Chave de Luneta. Trad. João Coles. Coimbra: Minotauro, 2021 [ed. original, La chiave a stella (1978)].

• Testemunho/Ensaio/Entrevistas
     Se questo è un uomo. Torino: De Silva, 1947.
     La tregua. Torino: Einaudi, 1963.
     I sommersi e i salvati. Torino: Einaudi, 1986.
     Le devoir de mémoire. Paris: Mille et une nuits, 1995.
     Conversazioni e interviste 1963-1987. Torino: Einaudi, 1997.
     L'asimmetria e la vita. Articoli e saggi 1955-1987. Torino: Einaudi, 2002.

• Romances
     La chiave a stella. Torino: Einaudi, 1978.
     Se non ora, quando?. Torino: Einaudi, 1982.

• Contos
     Storie naturali (com o pseudónimo Damiano Malabaila). Torino: Einaudi, 1966.
     Vizio di forma. Torino, Einaudi, 1971.
     Il sistema periodico. Torino: Einaudi, 1975
     L'ultimo Natale di guerra. Milano: Il triangolo rosso, 1986.
     Auschwitz, città tranquilla. (Org. Fabio Levi e Domenico Scarpa). Torino: Einaudi, 2021.

• Antologias Poéticas
     L'osteria di Brema. Milano: All'insegna del pesce d'oro, 1975.
     Ad ora incerta. Milano: Garzanti, 1984.


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