Autor: Christian Gerlach
Título: The Extermination of the European Jews [O Extermínio dos Judeus Europeus]
Local de publicação: Cambridge
Editora: University of Cambridge
Ano de publicação: 2016
Número de páginas: 508
Edição em alemão: Der Mord an den Europäischen Juden. Ursachen, Ereignisse, Dimensionen. München: Beck, 2017
Palavras-chave: judeus europeus, violência maciça, Segunda Guerra Mundial, história social, contextualização, multicausalidade, outros grupos de vítimas, carácter participativo da violência
Índice
Lista de tabelas
Agradecimentos
Lista de abreviaturas
1 Introdução
Parte I
Perseguição por alemães
2 Antes de 1933
3 Da emigração forçada aos planos territoriais: 1933 até 1941
4 Do assassínio em massa à aniquilação total: 1941 até 1942
5 O alargamento da destruição em massa: 1942 até 1945
6 Estruturas e agentes da violência
Parte II
As lógicas da perseguição
7 Racismo e pensamento antijudaico
8 Trabalho forçado, violência alemã e judeus
9 Política de fome e o assassínio em massa
10 A economia da separação, expropriação, aglomeração e remoção
11 As lutas contra a resistência e a perseguição aos judeus
Parte III
A dimensão europeia
12 Legislação antijudaica na Europa: Uma comparação
13 Sociedades divididas: o contributo das populações na perseguição aos judeus
14 Para além da legislação: Políticas de violência não-alemãs
15 Nos labirintos da perseguição: tentativas de sobrevivência
16 Conclusões: Aniquilação de grupos em sociedades extremamente violentas
Bibliografia
Sinopse
O livro The Extermination of the European Jews reinterpreta o Holocausto à luz de uma redefinição do conceito de violência extrema influenciada pela história social e que assenta em três coordenadas, nomeadamente na multicausalidade, no carácter participativo da violência e na existência de vários grupos de vítimas. Distancia-se das explicações influenciadas pela história das ideias que se dedicam quase exclusivamente às vítimas judaicas, se centram nas intenções e planos das elites de poder e encaram a ideologia racista como motor principal ou único.
Gerlach defende que o estado alemão não foi o único responsável pelo Holocausto, mas houve múltiplos agentes, movidos por uma miríade de interesses: o poder em Berlim, os ministérios e outras autoridades centrais, autoridades civis e militares com autonomia, firmas e até certo ponto a SS e a polícia. Algumas pessoas envolvidas, conservadores, chauvinistas e racistas de todo o tipo, nem sequer eram membros do NSDAP. Também os governos dos países ocupados colaboraram com os nazis.
O autor tenta encontrar a explicação para a violência extrema num conjunto de forças que impulsionaram a Alemanha, a Europa e o mundo de então, especialmente o imperialismo e colonialismo, o nacionalismo chauvinista e o racismo popular de uma sociedade embrutecida pelas consequências da derrota na Primeira Guerra Mundial, muito em especial pela grave crise económica que lhe seguiu. Para Gerlach, o Holocausto não pode, pois, ser dissociado do contexto da ocupação e da guerra, principalmente dos acontecimentos que procederam ao ataque à União Soviética, muito em especial a fome e a necessidade de mão de obra. Lembra que, no início de 1939, havia países que tinham cometido maiores brutalidades do que a Alemanha, tais como o Japão e a União Soviética, que contavam já milhões de vítimas, assim como o regime em Itália (em África) e Espanha que já então contabilizavam mais mortes de civis. Apenas mais tarde, com o decorrer da guerra, é que o saldo alemão ultrapassaria esse balanço. Apura que quase 95% das mortes não civis levadas a cabo por alemães ocorreram durante a guerra e após a invasão da União Soviética e que 97% dos 6 milhões de vítimas judaicas não eram alemãs e sucumbiram nos territórios ocupados.
Recorda que, à exterminação de 6 milhões de judeus, há a acrescentar mais seis a oito milhões de vítimas civis, frequentemente esquecidas, três milhões das quais eram soviéticas e sobre os quais nenhum estudo existia, um milhão padeceu nas lutas de guerrilha fora das cidades principalmente na Jugoslávia e Grécia e um milhão foi vítima da fome nas cidades como resultado da política alemã. Dos 12 milhões de trabalhadores forçados levados para a Alemanha, morreram 300 mil, mais do que as minorias sinti e roma.
O livro de Christian Gerlach traduz-se assim num exercício de contextualização que proporciona um enquadramento específico para a compreensão do extermínio de 6 milhões de judeus europeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Excerto
"Este livro oferece uma perspetiva específica sobre a exterminação dos judeus europeus. Situa a sua perseguição no contexto de políticas interdependentes de guerra, ocupação, polícia, questões sociais, pensamento racista e racismo popular. Também descreve o extermínio dos judeus à luz da violência maciça contra outros grupos e procura estabelecer ilações entre os diferentes tipos de violência. Difere das narrativas que examinam a perseguição e o extermínio dos judeus sem prestar atenção ao destino dos outros grupos de vítimas, com base na história das ideias e poucas formas de contextualização. Além disso, o livro dá mais relevo do que outros trabalhos à perseguição aos judeus levada a cabo por não-alemães, da qual tenta fornecer uma análise geral que ultrapassa fronteiras nacionais."
(p. 1)
Outras publicações de Christian Gerlach
"Die Wannseekonferenz, das Schicksal der deutschen Juden und Hitlers Grundsatzentscheidung, alle Juden Europas zu ermorden", Werkstatt Geschichte, 18/1997, 7–44.
Krieg, Ernährung, Völkermord. Forschungen zur deutschen Vernichtungspolitik im Zweiten Weltkrieg. Hamburg: Hamburger Edition, 1998.
Kalkulierte Morde. Die deutsche Wirtschafts- und Vernichtungspolitik in Weißrussland 1941 bis 1944. Hamburg: Hamburger Edition, 1999.
Das letzte Kapitel. Realpolitik, Ideologie und der Mord an den ungarischen Juden (com Götz Aly). Stuttgart: DVA, 2002.
Extremely Violent Societies. Mass Violence in the Twentieth-Century World. Cambridge: Cambrigde University Press, 2010.