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Modernity and the Holocaust

Autor: Zigmunt Bauman
Título: Modernity and the Holocaust [Modernidade e o Holocausto]
Local de publicação: Cambridge
Editora: Polity Press
Ano de publicação: 1993 (1.ª ed. 1989)
Número de páginas: 254
Tradução em português do Brasil: Modernidade e Holocausto. Tradução de Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1998.
Palavras-chave: judeus, sociologia, modernidade, racionalidade, engenharia social, racismo


Índice

Prefácio

1. Introdução: A sociologia após o Holocausto
O Holocausto como teste da modernidade
O significado do processo civilizador
A produção social da indiferença moral
A produção social da invisibilidade moral
As consequências morais do processo civilizador

2. Modernidade, racismo e exterminação I
Algumas peculiaridades da alienação judaica
Incompatibilidade judaica desde cristianismo até à modernidade
Sobre as barricadas
O grupo prismático
As dimensões modernas da incompatibilidade
A nação sem nacionalidade
A modernidade do racismo

3. Modernidade, racismo e exterminação II
Da heterofobia ao racismo
Racismo enquanto forma de "engenharia social"
Da repulsa ao extermínio
Olhando para a frente

4. A singularidade e a normalidade do Holocausto
O problema
Genocídio singular
Peculiaridade do genocídio moderno
Efeitos da divisão hierárquica e funcional do trabalho
Desumanização dos objetos burocráticos
O papel da burocracia no Holocausto
A falência das garantias modernas
Conclusões

5. Solicitando a cooperação das vítimas
O isolamento das vítimas
O jogo do "salve-se quem puder"
Racionalidade individual ao serviço da destruição coletiva
Racionalidade e auto-preservação
Conclusão

6. A ética da obediência (lendo Milgram)
A desumanidade como função da distância social
Cumplicidade após as próprias ações
A tecnologia moralizada
Responsabilidade flutuante
O pluralismo do poder e o poder da consciência
A natureza social do mal

7. Rumo a uma teoria sociológica da moral
A sociedade como fábrica da moralidade
O desafio do Holocausto
Fontes pré-societárias de moral
A proximidade social e a responsabilidade moral
A supressão social da responsabilidade moral
A produção social da distância
Observações finais

8. Considerações a posteriori: Racionalidade e vergonha
A manipulação social da moralidade: Palestra aquando da atribuição do prémio europeu Amalfi
 

Notas


Sinopse

Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polaco-britânico de raízes judaicas, o desinteresse e, consequentemente, o silêncio da sociologia em torno do Holocausto é revelador do estado da própria sociologia. Bauman argumenta que a falta de atenção dos sociólogos ao extermínio dos judeus europeus se deve à perceção dominante de que se tratou de um acidente irracional no percurso otimista da civilização ocidental. A esta tese, contrapõe que o Holocausto não foi apenas mais genocídio a acrescentar a muitos outros, tampouco uma mera exceção no percurso civilizacional, mas sim o culminar e o fracasso da própria modernidade, muito em especial de instrumentos que lhe são caros tais como a tecnologia, critérios racionais de escolha, subordinação do pensamento e da ação ao pragmatismo da maximização económica e da eficiência. Bauman argumenta que o Holocausto foi a solução racional que o estado nazi, extremamente racista e tecnocrata, encontrou para resolver o "problema judaico" e, como tal, como resultado de uma preocupação genuinamente racional, possibilitada pela máquina burocrática e por uma mudança de paradigmas de uma sociedade anteriormente pautada por princípios éticos a favor de uma sociedade subjugada à racionalidade técnico-instrumental e eticamente neutra. Num diálogo interdisciplinar influenciado pela Escola de Frankfurt e respetiva crítica à racionalidade instrumental, Bauman caracteriza Auschwitz como episódio racional, não como monstruosidade inconcebível, que deve importar não apenas a judeus, mas a todos e, muito em especial, às sociedades ocidentais. Em Modernidade e o Holocausto, Zygmunt Bauman, propõe, pois, uma leitura sociológica da investigação já existente sobre o Holocausto, levada a cabo essencialmente por historiadores, com o objetivo de pôr à prova certezas incontestadas das sociedades modernas.


Excerto

O estudo pretende ser um pequeno e modesto contributo para o que, face às circunstâncias, parece ser uma tarefa urgente e de extraordinária importância cultural e política, nomeadamente a tarefa de extrair lições políticas e psicológicas do episódio do Holocausto que sejam úteis para a auto-reflexão e para a prática das instituições e dos membros da sociedade contemporânea. Este estudo não proporciona um novo relato da história do Holocausto, no que a tal diz respeito, confia inteiramente nos impressionantes resultados da recente investigação especializada que eu explorei o melhor que pude e para os quais a minha dívida não tem limites. O presente estudo concentra-se antes de mais em revisões de algumas áreas relativamente centrais das ciências sociais (e possivelmente também das ciências práticas) que se revelam necessárias face a latentes processos, modas e potencialidades revelados no decurso do Holocausto. O objetivo das investigações neste estudo não é aumentar o conhecimento especializado já existente e nutrir eventuais preocupações marginais de alguns sociólogos, mas tornar os resultados dos especialistas acessível ao uso geral das ciências sociais, interpretá-los de forma a tornar a sua relevância visível para os temas principais do inquérito sociológico, devolvê-los às correntes dominantes da nossa disciplina e assim tirá-los do seu presente estatuto marginal, e canalizá-los para a área central da teoria e prática sociológicas. 
(p. vii-viii)


Outras obras de Zigmunt Bauman

     Culture as Praxis, London: Routledge & Kegan Paul, 1973.
     Modernity and Ambivalence. Ithaca, N.Y.: Cornell University Press, 1991.
     Liquid Modernity, Cambridge: Polity Press, 2000.
     Wasted Lives. Modernity and its Outcasts. Cambridge: Polity Press, 2004.
     Liquid Times: Living in an Age of Uncertainty, Cambridge: Polity Press, 2007.
     Strangers at Our Door. Cambridge, Polity Press, 2016.


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