Autores: Götz Aly & Susanne Heim
Título: Vordenker der Vernichtung. Auschwitz und die deutschen Pläne für eine neue europäische Ordnung [Arquitetos do Extermínio. Auschwitz e os Planos Alemães para uma Nova Ordem Europeia]
Local de publicação: Hamburgo
Editora: Hoffmann und Campe
Ano de publicação: 1991
Número de páginas: 541
Palavras-chave: Auschwitz, nova ordem europeia, o Leste europeu, tecnocratas, economia demográfica, sobrepopulação e a questão judaica, Plano Geral do Leste
Índice
Introdução
A política de "des-judificação" [Entjudung]
Pogrom e racionalização
O modelo de Viena
Um modelo faz escola
O Plano Quadrienal
O olhar para leste
Polónia, país emergente
Crise económica e antissemitismo
A investigação alemã sobre o Leste
"Sobrepopulação" e a "questão judaica"
Economia demográfica – a ascenção de uma nova disciplina
A otimização demográfica
A "sobrepopulação" na União Soviética
Do êxodo às restruturações demográficas [Ordnungsumsiedlung]
A guerra e as restruturações demográficas
"Dissolução da ordem antiga"
Expulsão e germanização
Restruturações demográficas na Polónia ocidental anexada
"Ação total adequada" [Vernünftiger Gesamteinsatz]
Atomização e hierarquia social
Auschwitz, objeto de planeamento
"A nossa obra foi tremenda!"
Uma adenda biográfica
A superioridade da raça germânica [Herrenmensch] - Uma forma de estar
O Governo Geral [Generalgouvernement] de Baedecker
Recrutamento para trabalho no Leste [Einberufung zum Osteinsatz]
Tabula rasa
Emancipação
A vontade de aniquilação
O Governo Geral [Generalgouvernement] – uma obra alemã
"Demografia e assistência social"
Cooperação
A construção da economia
Os saques em Hamburgo
"Des-judificação" e a nova classe média
"A população será reduzida"
A anexação da Galícia
Destruição como condição
Planos e experiências do ano de 1940
O projeto Madagáscar
O assassínio dos deficientes alemães
Resultados preliminares
A economização dos guetos
Łódź – Problemas da racionalização do trabalho
Varsóvia – "O valor de um judeu"
“Sobrepopulação” em espaços vastos [“Menschenüberschuß" im Großraum]
A reinvidicação de liderança alemã na "União Económica Europeia"
O Sudoeste europeu
A política de espaços vastos [Großraumpolitik] contra as minorias
A Guerra contra a União Soviética e o extermínio de dezenas de milhões de pessoas
Fomes planeadas
“Proteção dos contribuintes alemães”
Mortes em massa como consenso
Seis mil prisioneiros mortos diariamente
“Falta de espaço - dizimação populacional”
O Plano Geral Leste
Horizontes de planeamento até à Crimeia
12,4 mil milhões de horas de trabalho para a construção
Assassínio em massa e controlo da natalidade
“Reestruturação populacional” e seleção
O projeto Zarnosc
Adendas
A política em matéria de guetos sob o signo da “Solução Final”
“Deportação já no próximo ano”
Lemberg: O fim da produtividade
A Conferência de Wannsee
“Sobrepopulação” após o início do genocídio
Resultado
Cronologia – Tentativa de uma periodização
Bibliografia
Lista de abreviaturas
Registo
Sinope
Durante muito tempo, o Holocausto foi encarado como resultado de uma ideologia irracional contra os judeus, compartilhada e propagada por um círculo de poderosos que que seduziu a população alemã, com nomes agora mundialmente conhecidos tais como Hitler, Himmler, Heydrich e Göring.
O livro de Götz Aly e Susanne Heim veio esbater essa perceção e despoletar um aceso debate. Os autores dirigem a atenção para a massa cinzenta dos tecnocratas, que planearam e levaram a cabo o Holocausto, e contextualizam-no nos planos alemães de criação de uma nova ordem europeia na primeira metade do século XX. Ressaltam o papel de jovens ambiciosos com nomes pouco conhecidos tais como Hans Fischböck, Hermann Neubacher, Otto Donner, Wilhelm Marquart, Hans Kehrl, Hans Langelütke, Walter Emmerich, entre muitos outros, que, imbuídos de uma perceção do mundo radicalmente social-darwinista e utilitarista, viram a conquista do Leste europeu como oportunidade única para porem em prática o que tinham aprendido quando da sua formação em institutos e universidades, para progredirem nas suas carreiras e concretizarem o plano, nem mais nem menos, de uma ordem europeia.
A barbárie humana do Holocausto é assim apresentada como resultado de uma mentalidade de regra e esquadro de funcionários, peritos e conselheiros que, aliando as técnicas do seu saber à ideologia desumana e agressiva do nacional-socialismo, seguiam os seus planos imperialistas de modo extremamente sistemático e eficiente. Convictos que tudo podia ser planeado e executado, incluindo uma nova ordem social racista, eles viram a Europa, principalmente os países os países de Leste conquistados, como uma prancheta de desenho em que também as populações, quais peças de Lego, podiam ser planeadas e reestruturadas com rigor, mesmo que isso implicasse deslocamentos, substituições e o extermínio radical das mesmas. O Holocausto surge, assim, aos olhos do leitor como o resultado de uma razão instrumental levada ao seu extremo e totalmente desprovida de humanidade, tal como o filósofo Theodor W. Adorno já o tinha caracterizado, ou seja, como o lado escuro da Modernidade.
Excerto
No que respeita a Auschwitz fala-se hoje do "ódio racial irracional levado ao extremo", da "aniquilação pela aniquilação", da "burocracia alemã desenfreada", do "regresso à barbárie" e da "rutura civilizacional". Deste modo, ignora-se ou relativiza-se simplesmente que os arquitetos da "Solução Final" encaravam a política de extermínio dos outros grupos populacionais, especialmente na União Soviética e na Polónia, na mesma linha do extermínio dos judeus europeus e como parte integrante de uma estratégia global de "política demográfica negativa".
A nossa análise mostra que a arbitrariedade e o decorrer natural dos acontecimentos desempenharam apenas um papel subordinado. Pelo contrário, o topo do Estado fomentava a assessoria política científica em larga escala e recorria aos seus resultados como base importante de decisões também relacionadas com o extermínio de milhões de seres humanos.
(p. 11)
Outras edições da mesma obra
Edição em alemão alargada
Vordenker der Vernichtung. Auschwitz und die deutschen Pläne für eine neue europäische Ordnung. Frankfurt/Main: Fischer Taschenbuch 2013.
Traduções em inglês:
Architects of Annihilation. Auschwitz and the Logic of Destruction. London: Weidenfeld and Nicolson, 2002.
Architects of Annihilation. Auschwitz and the Logic of Destruction. London und Princeton: Princeton University Press, 2003 (ed. revista)
Tradução em francês:
Les Architectes de l’extermination. Auschwitz et la logique de l’anéantissement. Paris: Calmann-Lévy, 2006.
Outras publicações de Götz Aly
Die restlose Erfassung. Volkszählen, Identifizieren, Aussondern im Nationalsozialismus (com Karl Heiz Roth). Frankfurt am Main: Fischer Taschenbuch, 2000 (3.ª ed. revista; 1.ª ed., 1984).
Macht, Geist, Wahn. Kontinuitäten deutschen Denkens. Frankfurt am Main: Fischer Taschenbuch, 1999 (1.ª ed., 1997).
Rasse und Klasse. Nachforschungen zum deutschen Wesen. Frankfurt am Main: Fischer, 2003.
Hitlers Volksstaat. Raub, Rassenkrieg und nationaler Sozialismus. Frankfurt am Main: Fischer Taschenbuch Verlag, 2005.
Die Belasteten. „Euthanasie“ 1939–1945. Eine Gesellschaftsgeschichte. Frankfurt am Main: S. Fischer, 2013.
Europa gegen die Juden. 1880–1945, Frankfurt am Main: S. Fischer 2017.
Outras publicações de Susanne Heim
Fluchtpunkt Karibik. Jüdische Emigranten in der Dominikanischen Republik (com Ulrich Dillmann). Berlin: Ch. Links Verlag 2009