Autora: Annette Wieviorka
Título: Auschwitz Explicado à Minha Filha
Local de publicação: Oeiras
Editora: Celta
Ano de publicação: 1999
Tradução: Miguel Serras Pereira
Número de páginas: 60
Edição original, em francês: Auschwitz expliqué à ma fille. Paris: Éditions du Seuil, 1999.
Palavras-chave: Auschwitz; memória; França, deportações
Índice
Não disponível.
[Introdução da autora (pp. 1-3), seguida de um formato pergunta/resposta até ao final do livro.]
Sinopse
Partindo de um contexto familiar – Annette Wieviorka é historiadora e a sua filha Mathilde tinha então 13 anos – e do caso específico de Berthe, uma sobrevivente de Auschwitz-Birkenau, deportada de França em julho de 1941 – que fora entrevistada pela autora e com quem esta e a filha mantinham contacto regular –, este livro tem como objetivo tentar explicar a Mathilde o que fora “Auschwitz”. Isto é feito unicamente através de breves perguntas, que se encadeiam tematicamente com as respostas que vão sendo dadas. Apesar do objetivo didático, com descrições concisas e linguagem clara, o livro tem o mérito de não cair em simplificações de conceitos, como o de "campo de concentração". Outro exemplo: ao definir “Holocausto”, evidencia as limitações do conceito e apresenta, como alternativa, “Shoah”, expondo também, sucintamente, quão recente é o termo “genocídio” (e como a sua utilização na atualidade leva a acesos debates) – a etimologia destas palavras é sempre apresentada. O livro é abrangente: aborda questões que vão desde a identificação de judeus, a perseguição, a deportação e extermínio nos campos, fazendo também referência a quem ofereceu resistência, ao antissemitismo que existe no presente e à atualidade do “dever de memória”. Mais do que dar uma resposta definitiva a cada pergunta, a importância do livro está na reflexão a que cada leitor(a) é impelido/a.
Excerto
“O que me impressionou, quando tentei responder a Mathilde [com 13 anos], para lhe explicar o que era Auschwitz, foi o facto de as suas perguntas serem as mesmas que eu me punha a mim própria, indefinidamente, ou que desde há meio século atravessam a reflexão dos historiadores ou dos filósofos, sendo extremamente difícil responder-lhes. A diferença era que Mathilde fazia essas mesmas perguntas em termos mais crus e mais directos. Porque, se é fácil para mim, como historiadora, descrever Auschwitz, explicar como se desenrolou o genocídio dos Judeus, sobra sempre um núcleo incompreensível e, por isso, inexplicável também: porque é que os nazis quiseram suprimir do planeta os Judeus? Porque é que despenderam tanta energia a procurarem, pelos quatro cantos da Europa que então ocupavam, de Amesterdão a Bordéus, de Varsóvia a Salónica, crianças e velhos, tendo por único objectivo assassiná-los?”
(p. 3)
• Outras obras de Annette Wieviorka
Les Livres du souvenir: Mémoriaux juifs de Pologne (com with Yitskhok Niborski). Paris: Éditions Gallimard, 1983.
Ils étaient juifs, résistants, communistes. Paris: Denoël, 1986 (ed. revista, Paris: Perrin, 2018).
Le procès Eichmann: 1961. Brussels: Éditions Complexe, 1989.
Déportation et génocide: Entre la mémoire et l’oubli. Paris: Plon, 1992 (2.ª ed., 1995.; 3.ª ed., 2003).
Le procès de Nuremberg. Rennes/Caen: Éditions Ouest-France/Mémorial pour la paix, 1995.
"Passant, souviens-toi!": les lieux du souvenir de la Seconde Guerre mondiale en France. Paris: Plon, 1995 (2.ª ed., 1999).
L’ère du témoin. Paris: Plon, 1998 (2.ª ed., 2002).
Les biens des internés des camps de Drancy, Pithiviers et Beaune-la-Rolande. Paris: Floriane Azoulay, 2000.
Le Pillage des appartements et son indemnisation (com Floriane Azoulay). Paris: La Documentation française, 2000.
Rapport générale de synthèse: mission Mattéoli. Paris: La Documentation française, 2000.
• Organização de edição
L’État du monde en 1945 (ed. com Stéphane Courtois). Paris: La Découverte, 1994.
Les Juifs de France: de la Révolution française à nos jours (dir. com Jean-Jacques Becker). Paris: Levi, 1998.
La Shoah: Témoignages, savoirs, oeuvres (ed. com Claude Mouchard). Orléans: Presses universitaires de Vincennes, 1999.
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