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Espaço Vital

(em alemão, Lebensraum)

A noção de “espaço vital” é central à ideologia expansionista do nacional-socialismo. A sua origem está intimamente ligada ao processo de expansão colonial europeu, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX: à luz do projeto de um “colonialismo de assentamento”, os territórios coloniais deveriam oferecer espaço para absorver o excesso populacional originado pela expansão demográfica, garantindo, ao mesmo tempo, que essa força de trabalho permanecesse vinculada a um todo nacional como agente da sua vocação imperial. Na Alemanha, tardiamente unificada e, em consequência, participante menor da partilha colonial ultramarina, desde cedo que o conceito esteve ligado à ideia de uma expansão dentro do espaço europeu, nomeadamente através da apropriação de territórios a leste, traduzida, na imaginação geopolítica de diferentes autores ligados a ideias pan-germânicas, na germanização dos Balcãs, mas também de outras vastas áreas da Europa de Leste.

Publicado em 1926, o romance Volk ohne Raum (Povo sem Espaço), de Hans Grimm, contribuiu grandemente para a popularização do conceito. Já em Mein Kampf, Adolf Hitler dera uma importância fulcral à ideia de “Lebensraum” que, juntamente com o conceito de raça, se tornaria rapidamente uma das traves-mestras da ideologia nacional-socialista, como se expressa na obra de Alfred Rosenberg, um dos principais ideólogos do nazismo, O Mito do Século XX (1930), mas também, nomeadamente, na “teoria do grande espaço” do futuro “jurista do regime”, Carl Schmitt.

O chamado “Plano Geral do Leste” (Generalplan Ost), que exprime a visão geopolítica nazi e que só o fracasso da “Operação Barbarossa”, ou seja, da invasão da União Soviética, inviabilizaria, previa a “germanização” dos territórios do Leste europeu até aos Urais e ao Mar Negro. Esta germanização implicava, de modo explícito, não apenas vastas deslocações populacionais, mas, igualmente, o extermínio, além dos judeus, também, parcialmente, em percentagens pré-definidas, de populações eslavas da Polónia, Checoslováquia, Ucrânia, Bielorrússia entre outras. 

 

Referências
     Kallis, Aristotele A. (2000), Fascist Ideology: Territory and Expansionism in Italy and Germany, 1922–1945. London: Routledge.