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Portugueses no Holocausto

Autora: Esther Mucznik
Título: Portugueses no Holocausto
Local de publicação: Lisboa
Editora: A Esfera dos Livros
Ano de publicação: 2012
Número de páginas: 308
Palavras-chave: Portugal e o Holocausto, judeus sefarditas, Aristides de Sousa Mendes, Sampaio Garrido, Teixeira Branquinho, Resistência


Índice

Introdução
Nota ao Leitor

CAPÍTULO I – A Europa sob a bota alemã
CAPÍTULO II – A Casablanca da Europa
CAPÍTULO III – Portugueses em Amesterdão: da Idade de Ouro às câmaras de gás
CAPÍTULO IV – O fim de Sefard no Levante
CAPÍTULO V – A França, entre a Revolução e a Colaboração
CAPÍTULO VI – Hungria: o último estertor do «Reich de mil anos»
Epílogo – O «Paraíso»

Anexos
Cronologia comparativa do Holocausto
Glossário
Notas
Bibliografia
Agradecimentos


Sinopse

Após uma introdução sobre os planos de Hitler para aniquilar os judeus na Europa, da eliminação por execução à implementação do sistema de extermínio, é feita uma abordagem plural sobre as ligações entre Portugal/portugueses e o Holocausto. Com as perseguições nazis, a neutralidade portuguesa na guerra permite a muitos refugiados judeus, vindos de toda a Europa, ter aqui um ponto de passagem para a América. Apesar das limitações, dado o clima político repressor, os testemunhos dos judeus são, no geral, positivos. Lisboa é, nesse período, uma cidade de espiões de ambos os lados do conflito. O livro aborda, em seguida, o caso dos descendentes de judeus sefarditas, expulsos da Península Ibérica, que se fixaram pela Europa e que preservaram a sua ligação a Portugal ao longo dos séculos. O capítulo III fala da comunidade de judeus portugueses de Amesterdão, que sobreviveu à Inquisição, mas acabou nas câmaras de gás. O capítulo seguinte é dedicado aos judeus que se haviam instalado no Império Otomano. Alguns regressaram a Portugal em finais de séc. XIX e início do séc. XX, uma vez que, ao contrário da maiorias dos países da Europa, aqui eram raras as manifestações de antissemitismo – porém, entre os descendentes de judeus portugueses que decidiram permanecer, alguns dos quais com documentos portugueses emitidos pelo governo republicano, mas de validade contestada pelo Estado Novo, acabaram alvo de perseguição e extermínio. O quinto capítulo centra-se em França, onde o cônsul Aristides de Sousa Mendes, em desobediência a Salazar, passou vistos a milhares de judeus – e onde também houve portugueses que decidiram juntar-se à Resistência, tendo muitos deles acabado mortos. O capítulo VI aborda o caso dos diplomatas portugueses em Budapeste – Sampaio Garrido e, mais tarde, Teixeira Branquinho – tomaram ações para proteger judeus e não judeus das perseguições e deportações na Hungria. No final do livro, há ainda uma secção com vários documentos, incluindo telegramas relevantes e diplomas de “Justo entre as Nações” atribuídos a portugueses, bem como uma cronologia comparativa do Holocausto que contrasta eventos decorridos na Europa com outros em Portugal.


Excerto

     “[Apesar] de Salazar ter declarado a neutralidade de Portugal a 1 de Setembro de 1939, a hipótese de invasão de Portugal pelo exército nazi não era impossível. Hitler chegou a equacioná-la através da Operação Félix planeada para Novembro de 1940. Esta consistia em cercar a Grã-Bretanha pela via marítima ocupando Portugal e a Península Ibérica. [...] Hitler não invadiu a Península Ibérica e Portugal conseguiu manter a neutralidade até ao final da guerra, poupando a população portuguesa de uma ocupação ignóbil e os seus cerca de 3000 judeus de uma deportação certa.
     Então porquê escrever um livro sobre os portugueses no Holocausto? Não só Portugal não foi ocupado, como por aqui transitaram milhares de refugiados que de uma forma ou de outra devem a vida à neutralidade portuguesa – mesmo que esta não facilitasse a sua entrada, sobretudo a judeus. No entanto, muitos portugueses foram engolidos na espiral devoradora do Holocausto: resistentes apanhados em países da Europa ocupada, judeus naturais desses países mas de nacionalidade portuguesa ou reclamando-se dela, homens e mulheres descendentes dos foragidos portugueses da Inquisição, mas cujo nome transmitido de geração em geração não foi suficiente para os salvar das câmaras de gás. É deles que este livro trata: dos homens e das mulheres que naqueles momentos trágicos se encontraram no lado errado. Para que a sua memória não se apague.”

(pp. 15-16)


Outras obras de Esther Mucznik

     Para uma Ética do Cuidado. Uma Perspectiva Judaica. Lisboa: Terraço, 1999.
     Israel Ontem e Hoje (com Joshua Ruah. Algés: Difel, 2007.
     Dicionário do Judaísmo Português (coord. com Lúcia Liba Mucznik, José Alberto Rodrigues da Silva Tavim, Elvira de Azevedo Mea). Barcarena: Editorial Presença, 2009.
     Grácia Nasi. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010.
     Auschwitz. Um Dia de Cada Vez. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2015.
     A Grande Epopeia dos Judeus no Século XX. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2017.
     Judeus Portugueses. Uma História de Luz e Sombra. Lisboa: Manuscrito, 2021.