O campo de Bergen-Belsen, situado a cerca de 50 km a norte de Hannover, foi o último dos principais campos de concentração a ser estabelecido, em 10 de maio de 1943. Destinava-se, originalmente, a servir de campo de internamento (Aufenthaltslager) para judeus que pudessem servir de reféns e moedas de troca para a obtenção de contrapartidas financeiras ou outras. Compunha-se de quatro subcampos: o “campo especial” para judeus da Polónia detentores de vistos ou passaportes para a emigração para a Palestina ou para a América do Sul; o “campo dos neutrais” para judeus sefarditas da Grécia; o “campo da estrela”, para judeus dos Países Baixos, da França, do Norte de África, da Albânia e do Reich alemão igualmente detentores de vistos ou passaportes para a Palestina ou para a América do Sul; o “campo húngaro”, para judeus húngaros e eslovacos à espera de transporte para a Suíça no âmbito da ação de salvamento empreendida por Rudolf Kasztner. Apenas 2580 dos cerca de 10 000 prisioneiros destinados a operações de troca conseguiram obter a liberdade.
A partir de 1944, o campo passou a ser utilizado com outros fins, sobretudo para o internamento provisório de prisioneiros destinados a trabalho forçado e, a partir de dezembro de 1944, para o acolhimento de prisioneiros evacuados de outros campos pressionados pelo avanço das tropas soviéticas. A sobrepopulação daí resultante – em março de 1945, contavam-se cerca de 48 000 prisioneiros – levou a uma pronunciada degradação das já em si péssimas condições de vida no campo. No conjunto, registaram-se pelo menos 36 400 mortes pela fome e pela sede, pelo frio e por doença, nomeadamente de tifo. Em 15 de abril de 1945 o campo rendeu-se sem resistência ao exército britânico. Mesmo após a libertação, ocorreram ainda 13 944 mortes em consequência das terríveis condições vividas no campo.
Em novembro de 1945, um tribunal militar britânico julgou 45 membros das SS com funções no campo, tendo declarado culpados 31 dos réus, dos quais 11 foram condenados à morte.
Referências
Byers, Ann (2014), Auschwitz, Bergen-Belsen, Treblinka. The Holocaust Camps. Enslow.
Christophe, Francine (2022), L’enfant des camps. Paris: Bernard Grasset.
Hargrave, Michael John (2014), Bergen-Belsen 1945: A Medical Student’s Journal. London: Imperial College Press.
Kolb, Eberhard (2002), Bergen-Belsen. Vom “Aufenthaltslager” zum Konzentrationslager 1943-1945. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht.
Wenck, Alexandra (2020), Zwischen Menschenhandel und “Endlösung”. das Konzentrationslager Bergen-Belsen. Münster: LIT Verlag.