Em 27 de fevereiro de 1943, Joseph Goebbels, ministro da Propaganda e chefe do NSDAP na capital do Reich, emitiu uma ordem destinada a tornar Berlim definitivamente “limpa de judeus” (judenrein): todos os judeus, incluindo os casados com mulheres “arianas”, que, nos termos das decisões da Conferência de Wannssee, haviam sido poupados até ao momento, deveriam ser presos e deportados para Auschwitz. Em consequência, no que ficou conhecido como a “ação das fábricas” (Fabrikaktion), cerca de 6000 judeus forram arrancados ao seu local de trabalho e agrupados em campos de internamento com vista à deportação. Cerca de 1700-2000 outros, homens e mulheres, ficaram detidos no edifício da Rosenstraße 2-4, em lugar central de Berlim. Na manhã seguinte, apesar dos esforços da Gestapo, com o apoio das SS, para bloquear a rua, iniciou-se uma manifestação protagonizada pelas mulheres, filhas e mães dos detidos, juntando-se cerca de 150 a 200 pessoas – um número que foi rapidamente engrossando, atingindo vários milhares – sob a palavra de ordem “devolvam-nos os nossos homens”. A manifestação, que durou até 6 de março, apesar de todas as ameaças e tentativas de intimidação, causou manifestos embaraços às cúpulas nazis, incapazes de lhe pôr termo e temerosas das possíveis repercussões. Em consequência, com a exceção de 25 detidos, todos os restantes foram libertados e, embora subsequentemente internados em campos de trabalho forçado nas cercanias de Berlim, quase todos viriam a sobreviver.
Embora as condições específicas em que se desenrolou não permitam generalizações, o protesto da Rosenstraße tornou patente o potencial de um movimento de desobediência civil. Permaneceu, contudo, um caso inteiramente isolado.
Referências
Stoltzfus, Nathan (1996), Resistance of the Heart: Intermarriage and the Rosenstrasse Protest in Nazi Germany. New York and London: W. W. Norton & Co.
Stoltzfus, Nathan; Paldiel, Mordecai; Baumel-Schwartz, Judy (orgs.) (2021), Women Defying Hitler. Rescue and Resistance under the Nazis. Bloomsbury Publishing.