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Revisionismo

Revisionismo ou negacionismo são os termos correntemente utilizados para designar a contestação, por motivos políticos e ideológicos, de factos históricos bem estabelecidos e irrefutáveis. No caso do Holocausto, trata-se da negação, assente numa argumentação pseudocientífica, da factualidade da “Solução Final” e, nomeadamente, da existência de campos de extermínio e, em particular, das câmaras de gás. O revisionismo está, por norma, associado a indivíduos ou grupos defensores de ideologias de extrema-direita e, pelo menos em parte, cultores de uma nostalgia pelo passado nazi. Enquanto tal, representa uma das formas do antissemitismo contemporâneo. Na era da internet, abriu-se um novo campo de atuação habilmente aproveitado por grupos revisionistas, associados por vezes em instituições de investigação pseudocientífica (Institute for Historical Review, Vrij Historisch Oderzoek, Committee for Open Debate on the Holocaust, Adelaide Institute). Os grupos revisionistas nutrem-se da apresentação de “provas” forjadas por instituições de nenhuma credibilidade, ao mesmo tempo que procuram desacreditar fontes de indiscutível autenticidade, como o Diário de Anne Frank ou as memórias do comandante de Auschwitz, Rudolf Höß, entre muitas outras fontes.

Alguns casos proeminentes, ao mesmo tempo que deram grande visibilidade pública a defensores do revisionismo, permitiram, ao mesmo tempo descredibilizá-los. O caso mais destacado, entre outros, como o do francês Robert Faurisson, será, provavelmente, o processo intentado pelo historiador britânico David Irving, em setembro de 1996, contra a historiadora norte-americana Deborah Lipstadt e a editora Penguin pela publicação do livro Denying the Holocaust, em que as teses revisionistas de Irving eram refutadas e denunciadas. A extensa sentença final, inteiramente a favor de Lipstadt, constitui em si mesma uma refutação integral das teses de Irving, que viria mais tarde a ser condenado, na Áustria, a três anos de prisão por, em dois discursos proferidos naquele país, ter negado a existência de câmaras de gás em Auschwitz.

Num conjunto de, presentemente, 16 países, entre os quais, a França, a Alemanha, a Áustria ou o Canadá, a negação do Holocausto constitui crime punível por lei.

 

Referências
     Evans, Richard J. (2001), Lying about Hitler: History, Holocaust, and the David Irving Trial. New York: Basic Books.
     Lipstadt, Deborah E. (1994), Denying the Holocaust: The Growing Assault on Truth and Memory. London: Penguin.
     Pressac, Jean- Claude (1994), Os Crematórios de Auschwitz: a Máquina Nazi de Extermínio em Massa. Trad. António Moreira. Lisboa: Ed. Notícias.