Entre os incontáveis testemunhos do Holocausto, o Diário de Anne Frank (1929-1945) ocupa um lugar muito especial, desde logo pela enorme repercussão que cedo obteve e, em particular, pelo seu grande impacto em camadas jovens. As reflexões e confidências de uma jovem que vive a sua adolescência na violência de um confinamento sobre o qual paira a ameaça constante de uma violência ainda muito maior em caso de descoberta, tornaram-se uma fonte muito relevante para uma primeira abordagem do Holocausto por sucessivas gerações.
A família Frank emigrou em 1933 de Frankfurt am Main para Amesterdão onde o pai de Anne, Otto, desenvolveu, com sucesso, atividade no mundo dos negócios. Em 9 de julho de 1942, a família, juntamente com alguns amigos, refugiou-se num apartamento clandestino nas traseiras do prédio da Prinsengracht, 263 (hoje, Casa Anne Frank). Com base numa denúncia, cuja fonte continua a ser motivo de controvérsia, o esconderijo foi assaltado pela Gestapo em 4 de agosto de 1944 e os moradores subsequentemente deportados. A mãe de Anne, Edith, morreu em Auschwitz a 6 de janeiro de 1945; Anne e a irmã, em março de 1945, em Bergen-Belsen. O pai, Otto, o único sobrevivente, ao regressar a Amesterdão após ter sido libertado, recebeu, das mãos de auxiliares da família, as páginas soltas do Diário, escrito por Anne entre 12 de junho de 1942 e 1 de agosto de 1944, encontradas, após a prisão da família, no apartamento secreto e cuidadosamente preservadas. Publicado em 1947 em Amesterdão, na versão estabelecida por Otto Frank, o Diário tornou-se amplamente conhecido após a publicação da tradução inglesa, em 1952. Desde então, foi traduzido para mais de 70 línguas, tendo-se vendido mais de 35 milhões de exemplares.
Referências
Frank, Anne (2022), O Diário de Anne Frank: Versão Definitiva. Trad. Elsa T. S. Vieira. Porto: Livros do Brasil.
Melissa Müller (1999), Anne Frank: The Biography. London: Bloomsbury.