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Zyklon B

Criado a partir do cianeto de hidrogénio (HCN), composto volátil e altamente tóxico que pode existir em forma líquida ou gasosa, o Zyklon B é uma forma comercial deste produto, também conhecido como ácido prússico ou ácido cianídrico. Originalmente desenvolvido como pesticida, foi patenteado e comercializado pela Deutsche Gesellschaft für Schädlingsbekämpfung mbH (DEGESCH) [Sociedade Alemã para o Controlo de Pragas], fundada em 1919 e, mais tarde, subsidiária da IG Farben – que viria, posteriormente, a ser julgada por crimes de guerra.

No início do “Programa de Eutanásia” (Aktion T4), na segunda metade de 1939, foi ponderado o uso de Zyklon B para matar doentes mentais, hipótese essa abandonada em detrimento do monóxido de carbono, então considerado mais eficiente. Com o estabelecimento do campo de concentração de Auschwitz, em 1940, o Zyklon B passa a ser utilizado para desinfetar os edifícios e a roupa dos prisioneiros, procedimento que foi seguido noutros campos de concentração.

No verão/outono de 1941, por entre as experiências levadas a cabo para o assassínio em massa mais rápido e eficaz, é recuperada a ideia de utilizar Zyklon B em humanos. A 3 de setembro de 1941, em Auschwitz, são feitos os primeiros gaseamentos, com este veneno, em prisioneiros soviéticos e polacos (não judeus) – doentes e pessoas consideradas inadequadas para o trabalho escravo. A partir de então, o Zyklon B passará a ser sistematicamente utilizado para o extermínio em vários locais, sobretudo em Majdanek e em Auschwitz-Birkenau.

Armazenado em latas, sob a forma de grânulos brancos, o Zyklon B era lançado para as condutas das câmaras de gás. Este gás, após inalado, paralisava a respiração celular e causava a morte por asfixia em poucos minutos. Kurt Gerstein, oficial das SS que atuou no âmbito da desinfeção dos campos e interveio nos processos de extermínio, deixou testemunho destas práticas e denunciou a utilização de Zyklon B, com o objetivo de chamar a atenção pública global, no “Relatório de Gerstein”. Shlomo Venezia, sobrevivente de Auschwitz, partilha a sua memória dolorosa de ter feito parte do processo de gaseamento enquanto integrante do Sonderkommando, referindo que o gás mortal era trazido por um oficial nazi e que eram membros daquele destacamento de homens que abriam e fechavam, por um breve momento, as pesadas tampas dos orifícios para onde era vertido o Zyklon B.

 

Referências
     Friedländer, Saul (2007), The Years of Extermination: Nazi Germany and the Jews, 1939–1945. New York: Harper, 2007.

     Kogon, Eugen; Langbein, Hermann; Rückerl, Adalbert (orgs.) (1994), Nazi Mass Murder: A Documentary History of the Use of Poison Gas. New Haven: Yale University Press.
     Venezia, Shlomo (com Béatrice Prasquier) (2008), Sonderkommando: o depoimento único de um judeu forçado a trabalhar nas câmaras de gás. Trad. Verónica Fitas. Lisboa: A Esfera dos Livros.