Situado nas proximidades da cidade de Linz, na Alta Áustria, o campo de Mauthausen começou a ser construído em agosto de 1938 por 300 prisioneiros austríacos e alemães. A escolha da localização deveu-se à existência de grandes pedreiras nas cercanias. O campo destinava-se de início a presos políticos de diversas nacionalidades – um contingente de cerca de 7000 republicanos espanhóis (dos quais apenas 2000 sobreviveram), mas também prisioneiros polacos, checos, russos, jugoslavos, belgas, franceses, além de judeus, de sinti e roma e de comunistas alemães e austríacos. Até 1942, foi sistemática a política de assassínio dos prisioneiros, sendo comum a prática de transferência de prisioneiros judeus para Mauthausen pra serem assassinados. O castelo de Hartheim, próximo de Mauthausen, albergava uma câmara de gás utilizada sistematicamente para assassinar prisioneiros do campo. A partir da primavera de 1942, começou a funcionar uma câmara de gás nas próprias instalações do campo. As condições terríveis de trabalho nas pedreiras desempenharam também um papel importante no extermínio de prisioneiros. Mauthausen dispunha de 46 campos externos adstritos à indústria de armamento nos quais, a partir do verão de 1943, a maioria dos prisioneiros desempenhava trabalho forçado para as grandes empresas do setor. No final de 1944, havia em Mauthausen cerca de 10 000 prisioneiros, acrescidos de 60 000 nos campos externos, incluindo uma maioria de judeus, homens e mulheres, trazidos dos campos e guetos da Polónia. A partir de março de 1945, os campos externos começaram a ser evacuados, com os prisioneiros doentes ou incapazes de caminhar a serem sistematicamente liquidados. Ao mesmo tempo, amontoavam-se no campo dezenas de milhares de prisioneiros evacuados do Leste, tornando as condições de existência cada vez mais precárias. Mauthausen foi libertada em 5 de maio de 1945 por uma unidade de blindados do exército dos Estados Unidos. Estima-se que mais de 100 000 pessoas tenham perdido a vida no campo e nos campos externos.
Referências
Botz, Gerhard (2021), Mauthausen und die nationalsozialistische Expansions- und Verfolgungspolitik. Wien: Böhlau.
Maršálek, Hans (1995), The History of Mauthausen Concentration Camp. Vienna: Austrian Society of Mauthausen Concentration Camp.
Wachsmann, Nikolaus (2015), A História dos Campos de Concentração Nazis. Trad. Miguel Mata. Lisboa: Dom Quixote.