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Marchas da Morte

(em alemão, Todesmärsche)

A expressão “marchas da morte”, cunhada pelos próprios prisioneiros, designa as marchas forçadas provocadas pela evacuação sucessiva dos campos de concentração e de extermínio nos últimos meses da guerra, ante a aproximação dos exércitos aliados. Estas marchas, responsáveis por inúmeras mortes, correspondem, assim, à fase final do genocídio nazi. Embora a evacuação recorresse também, nalguns casos, ao transporte por barco ou de comboio, em vagões de mercadorias abertos, muitas das marchas realizaram-se a pé. Tratava-se de percorrer centenas de quilómetros em condições terríveis, sem alimentação nem vestuário adequados, agravadas pelo facto de a maior parte das evacuações ter tido lugar no pico do inverno, o que rapidamente levava muitos dos participantes ao limiar da sobrevivência. Todos os que se deixavam cair de exaustão ou estavam incapazes de prosseguir eram impiedosamente liquidados pelos guardas. Registaram-se também casos em que a aviação aliada atacou alguns comboios ou barcos, erradamente confundidos com transportes de tropas.

Himmler delegara o poder de decisão em caso de evacuação nos comandantes dos campos. Com o passar do tempo e o agudizar da situação militar as evacuações realizaram-se de forma cada vez mais caótica, sempre seguindo a lógica de abandono dos campos mais próximos da frente e o recurso a outros campos que, em consequência, iam ficando sobrelotados – a partir de janeiro de 1945, já no interior do território alemão. A partir de abril de 1945, mesmo estes campos – entre os quais, nomeadamente, Buchenwald, Flossenburg, Dachau, Mauthausen, Sachsenhausen, Ravensbrück e Neuengamme – entraram também num processo de evacuação, só terminado com a capitulação nazi em 8 de maio de 1945. Segundo os cálculos dos investigadores, dos mais de 700 000 prisioneiros que se encontravam em janeiro de 1945 no sistema dos campos terão perecido no decurso das marchas da morte cerca de 300 000.

 

Referências
     Blatman, Daniel (2011), The Death Marches. The Final Phase of Nazi Genocide. Cambridge, MA / London: Harvard University Press.
     Greiser, Katrin (2008), Die Todesmärsche von Buchenwald: Räumung, Befreiung und Spuren der Erinnerung. Göttingen: Wallstein.