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Ravensbrück

Situado a cerca de 90 km a norte de Berlim, o campo de Ravensbrück foi estabelecido em 1938 com a função  caso único no sistema concentracionário em solo alemão – de servir de campo de concentração para mulheres. As primeiras prisioneiras deram entrada em maio de 1939. Em abril de 1941, foi aberto, como anexo, um pequeno campo para homens, destinado, no essencial, a fornecer mão de obra para os constantes trabalhos de expansão das instalações. Entre 1942/43, funcionou também anexo ao campo um campo de treino para guardas do sexo feminino. A partir de 1942, o trabalho forçado das prisioneiras foi cada vez mais integrado na produção de material bélico. Nomeadamente, a firma Siemens & Halske dispunha de 20 pavilhões nas cercanias do campo cujo funcionamento se baseava no trabalho forçado. Em todo o território alemão, existiram mais do que 70 campos associados a Ravensbrück (Nebenlager) em que as prisioneiras trabalhavam na produção de âmbito militar.

Entre 1939 e 1945, estão registadas 132 000 prisioneiras, bem como 20 000 prisioneiros. Predominavam prisioneiras da Polónia e da União Soviética, com cerca de 5% de sinti e roma e 14% de prisioneiras classificadas como judias. As más condições do campo, nomeadamente quanto a higiene e cuidados médicos, a violência do trabalho forçado e ainda as várias ações deliberadas de extermínio causaram a morte a várias dezenas de milhares de prisioneiras. Estas ações consistiram na aplicação, dentro do campo, da política de “eutanásia”, mas também em diversas outras medidas. No início de outubro de 1942, quase todas as prisioneiras judaicas foram deportadas para Auschwitz, na sequência de uma ordem de Heinrich Himmler para que os campos situados em território alemão fossem “purificados” de judeus. Na sequência do avanço do Exército Vermelho a leste, Ravensbrück foi recebendo vagas de prisioneiras evacuadas de outros campos.

Em finais de 1944, a construção de uma câmara de gás levou ao gaseamento de cerca de 6000 prisoneiras, sobretudo doentes e inválidas. Uma ação da Cruz Vermelha próximo do fim da guerra possibilitou a libertação de cerca de 7500 prisioneiras, transportadas para países neutrais. As “marchas da morte” forçadas in extremis pelas SS envolveram pelo menos 15 000 prisioneiras. A libertação pelo Exército Vermelho, em 30 de abril de 1945, veio encontrar cerca de 3000 mulheres, crianças e homens, em geral doentes, que haviam sido deixados para trás.

 

Referências
     Agassi, Judith Buber (2007), The Jewish Women Prisoners of Ravensbrück: Who Were They? Oxford: Oneworld.

     Bernadac, Christian (1972), Ravensbrück – Campo de Extermínio. Trad. Eduardo Alberto de Gouveia Aguiar. Porto: Inova.
     Helm, Sarah (2015), Se Isto é uma Mulher. Dentro de Ravensbrück: o Campo de Concentração de Hitler para Mulheres. Trad. Ana Saldanha. Lisboa: Editorial Presença.
     Philipp, Grit; Schnell, Monika (1999), Kalendarium der Ereignisse im Frauen-Konzentrationslager Ravensbrück 1939-1945. Berlin: Metropol-Verlag.