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Hitler’s Willing Executioners

Autor: Daniel Jonah Goldhagen
Título: Hitler’s Willing Executioners. Ordinary Germans and the Holocaust [Os Carrascos Voluntários de Hitler. Os Alemães Comuns e o Holocausto]
Local de publicação: Nova Iorque
Editora: Alfred Knopf
Ano de publicação: 1996
Número de páginas: 622
Tradução em português do Brasil: Os carrascos voluntários de Hitler. O povo alemão e o Holocausto. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
Palavras-chave: alemães e o Holocausto, antissemitismo, genocídio, marchas da morte


Índice

Introdução: Reformulação dos aspetos centrais sobre o Holocausto

Parte I: A PERCEÇÃO DO ANTISSEMITISMO ALEMÃO. A MENTALIDADE ELIMINACIONISTA
Capítulo 1 Revisão da perceção do antissemitismo: o quadro de análise
Capítulo 2 A evolução do antissemitismo eliminacionista na Alemanha moderna
Capítulo 3 O antissemitismo eliminacionista: “senso comum” na sociedade alemã durante o período nazi

PARTE II: O PROGRAMA ELIMINACIONISTA E INSTITUIÇÕES
Capítulo 4: O assalto nazi aos judeus: seu carácter e evolução
Capítulo 5 Os agentes e a maquinaria da destruição

Parte III BATALHÕES DE POLÍCIA: ALEMÃES COMUNS, CARRASCOS VOLUNTÁRIOS
Capítulo 6: Os batalhões de polícia: agentes do genocídio
Capítulo 7: O batalhão 101: os atos dos homens
Capítulo 8 O batalhão de polícia 101: avaliação dos motivos dos homens
Capítulo 9 Os batalhões de polícia: vidas, mortes e motivos

Parte IV O “TRABALHO JUDEU” É ANIQUILAÇÃO
Capítulo 10 As fontes e o modelo do “trabalho” judeu durante o período nazi
Capítulo 11 A vida nos campos de “trabalho”
Capítulo 12 Trabalho e morte

Parte V AS MARCHAS DA MORTE: ATÉ AOS DIAS FINAIS
Capítulo 13: O caminho da morte
Capítulo 14 Marchar até que fim?

Parte VI ANTISEMITISMO ELIMINATÓRIO; ALEMÃES COMUNS; CARRASCOS VOLUNTÁRIOS
Capítulo 15: Explicação dos atos dos criminosos
Avaliação das explicações concorrentes
Capítulo XVI: Antissemitismo eliminacionista e a motivação genocida

Epílogo: A revolução nazi alemã

Apêndice 1: Uma anotação sobre a metodologia
Apêndice 2: Esquematização das ideologias dominantes na Alemanha sobre judeus, os doentes mentais e os eslavos
Pseudónimos
Abreviaturas
Anotações
Reconhecimentos
Index
Créditos fotográficos


Sinopse

Em 1996, o livro de Daniel Goldhagen, um jovem professor de história da Universidade de Harvard, caiu como uma bomba no meio académico e na opinião pública. Apresentada com grande ênfase e paixão pelo autor e alcançando um êxito sensacional, a sua mensagem era radical: os alemães eliminaram os judeus porque achavam que fazê-lo era algo necessário e correto. Incitados por uma ideologia antissemita acérrima, alimentada ao longo de séculos de história, já plenamente desenvolvida no século XIX, o regime nazi apenas recorreu e aproveitou-se dela com o apoio da sociedade alemã no seu todo, incluindo grupos, como por ex. católicos, conservadores  que, na verdade, se opunham ao sistema. Goldhagen reforça assim a interpretações ideológicas e intencionalistas deste período negro da história europeia concentrando-se na ações e mentalidade dos autores das atrocidades nazis. Ele refuta, pois, as interpretações funcionalistas que opinam que os nazis eliminaram o povo judeu porque foram obrigados a fazê-lo, ora por reflexo cego de uma disciplina rígida típica alemã, ora seguindo cegamente ordens superiores, ora por serem burocratas cumprindo as suas obrigações com extremo rigor. Entre os mais prominentes representantes desta vertente contam os livros  da filósofa e politóloga judaica Hannah Arendt, nomeadamente o já clássico Eichmann em Jerusalém. Uma Reportagem sobre a Banalidade do Mal, publicado em 1963, e Ordinary Men de Christoph Browning, um dos principais historiadores do Holocausto, que saiu  em 1992. Arendt defende que a aniquilicão dos judeus foi possível porque o genocídio tinha sido burocratizado e apresentado aos alemães como um ato de necessidade civilizacional. Os carrascos de Hitler não eram sadistas espetaculares, mas simplesmente homens comuns e sem carisma, como Adolf Eichmann. Em  linha análoga de argumentação, Christopher Browning sustenta em Ordinary Men que esses "homens comuns" acostumaram-se ao extermínio em massa durante as primeiras operações e acabaram por encará-lo como parte das suas tarefas, ainda que para muitos deles elas possam ter sido desagradáveis. Para Browning, foram, pois, as circunstâncias e não a ideologia que levaram esses homens comuns cometer tais crimes. Para tal, baseou-se na investigação sobre os batalhões de polícia a que os  nazis recorreram para perpetrar o extermínio em massa de comunidades judaicas na Polónia entre 1941 e 1943, o Batalhão de Polícia da Reserva 101, de Hamburgo, constituído por homens de idade relativamente avançada, que não tinham sofrido um grau de endoutrinação nazista elevada e que não revelaram grande entusiasmo pelo regime de Hitler. Curiosamente, Goldhagen recorre em parte a material semelhante ao de Browning; porém, tira dele ilações diferentes: aquele defende que carrascos são o melhor exemplo de que não se tratavam de homens comuns, mas sim de alemães comuns, precisamente por não terem sido expostos a uma endoutrinação intensa. Ou seja, eles podem ser considerados representativos da sociedade alemã que tinha interiorizado o antissemitismo "eliminacionista" e, portanto, potencialmente exterminador muito antes que Hitler ter chegado ao poder.


Excerto

“Eu sustento que qualquer explicação que não reconhece a capacidade de saber e julgar dos autores dos crimes, nomeadamente, a capacidade de perceber e ter uma opinião sobre o significado e a moral das suas ações, que não reconhece que as convicções e os valores dos criminosos foram centrais, que não dá ênfase à força motivadora autónoma da ideologia nazi, especialmente à sua componente central, o antissemitismo, não consegue expor eficazmente porque é que os autores das atrocidades agiram como agiram. […] A minha explicação – que é inovadora na investigação académica sobre os autores do crimes – é que os alemães  comuns foram movidos pelo antissemitismo, por um tipo de antissemitismo particular que os levou a concluir que os judeus tinham de morrer. Eu defendo que as convicções dos carrascos, particularmente o tipo de antissemitismo nelas contido, foram a fonte significativa e indispensável dos seus atos, apesar de não terem sido as únicas, e que, por isso, elas devem ser postas no centro de qualquer explicação sobre eles. Por outras palavras, os autores dos crimes, depois de terem chegado à conclusão que a aniquilação em massa dos judeus era correta à luz das suas convicções, não quiseram dizer não.”


Outras obras de Daniel Jonah Goldhagen

     Uma Dívida Moral. A Igreja Católica e o Holocausto. Trad. Artur Lopes Cardoso. Lisboa : Editorial Notícias, 2004 [1.ª ed. em inglês, 2002].
     A Pior das Guerras. Genocídio, Extermínio e Violência no Século XX. Trad. Artur Lopes Cardoso. Alfragide: Casa das Letras, 2011 [1.ª ed. em inglês, 2009].
     The Devil That Never Dies: The Rise and Threat of Global Anti-Semitism, London: Little Brown and Company, 2013.